Quando o Brasil hospedou em 1950 a copa do mundo de futebol, a Europa havia saído da segunda guerra mundial. Estava empobrecida e grande parte dela destruída economicamente. As quatro potências não queriam nem falar em sediar o evento. Na América do Sul, apenas o Brasil, por conta do Maracanã e da era getulista aceitou o desafio que resultou na grande tragédia nacional da derrota ante o Uruguai. Vale dizer que a decisão daquela época foi eminentemente política para cultivo do personalismo do seu chefe de estado. São transcorridos sessenta e quatro anos.
Estava escrito que no futebol o Brasil conquistaria cinco campeonatos mundiais fora do seu território: Suécia, Chile, México, Estados Unidos e Correia, jogando sem precisar de gastos astronômicos, à reboque de um ano de eleição presidencial. Em 2014 para promover aqui a copa do mundo, o governo deu um tiro no escuro e outro no pé. Estava despreparado física e economicamente. O desperdício de dinheiro público é grande, sem planejamento e debaixo do talante e dos espôrros da Fifa. O governo de Dilma Rousseff assina tudo, ao arrepio das nossas leis, para acomodar as imposições do cartel internacional do futebol ferindo a nossa soberania. O governo brasileiro investe mais no futebol do que na saúde, na educação e na segurança, ignorando que o país enfrenta uma guerra civil urbana e campesina contra as drogas e quadrilhas organizadas, além da corrupção dentro e fora da administração pública. Enquanto isso, o brasileiro, que antes só se levantava para gritar gol, espalhou a baderna via internet, de dentro dos presídios, incendiando coletivos, matando policiais e exigindo que o Exército venha às ruas, e, depois, claro, virão a Aeronáutica e a Marinha. Aliás, as Forças Armadas, juntas, agirão por terra, ar e mar para que milhões de mercenários que juntos invadirão o país para um conclave de menos futebol e mais desordens generalizadas.
Em Natal, as obras de mobilidade urbana não estarão totalmente concluídas. Quem viver, verá os vexames que vamos passar. Por que os dois governos (estadual e municipal), aqui, ambos herdeiros de gestões críticas, se submeteram tanto, ao ponto de ficarem devendo cifras bilionárias em detrimento de projetos essenciais em favor dos mais pobres e oprimidos que não sabem gritar gol mas o som a interjeição da dor, da fome e da morte?
Ainda nesse estado de coisas, cadê o inverno? Os reservatórios no interior estão secando. Outro grito se soma aos demais: o da seca, o da sede. O pior é que se o Brasil perder a copa do mundo (ele é o sexto no ranking mundial), tal desastre vai salpicar em Dilma que desejou ganhar a eleição em junho, em vez de outubro. Trazer a Fifa pra cá, além de sair caro demais, bom será somente para os empreiteiros e dependentes felizardos. A carona eleitoral vai sair cara demais para o Tesouro Público será mais inflacionária do que a moeda eleitoral do bolsa família!
Por fim, o cenário rebarbativo dessa paisagem nesse final de abril protagoniza os primeiros ensaios: aumento dos combustíveis (vão subir mais), da energia, da água, dos alimentos, etc.. Após a eleição, em outubro, a inflação vai disparar. E não precisa ser pessimista para adivinhar. O leitor sabe que os escândalos da administração pública continuarão porque o Brasil é um país mesmo da impunidade, do ôba, ôba e da improvisação. E das castas privilegiadas. O Brasil é como a Petrobrás: nunca erra!! Pois é.
Valério Mesquita – Escritor Mesquita.valerio@gmail.com
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