COPA DO MUNDO E SELEÇÃO BRASILEIRA: UM OLHAR CRÍTICO –
Aos onze anos, em 1958, vi meu pai chorando emocionado pela conquista da Copa do Mundo pelo Brasil. A fantástica seleção brasileira maravilhou o mundo e elevou o país ao Olimpo dos deuses do esporte.
Um príncipe negro, altivo e resoluto atravessou meio campo levando a bola embaixo do braço, decretando a reação após o primeiro gol da Suécia no jogo final. Didi simbolizou com aquele gesto eterno e poético a determinação de uma das maiores seleções de futebol já vistas em campo. O mundo descobria o Brasil e o futebol entronizava o maior jogador de todos os tempos: Pelé.
A Seleção Brasileira de 1970, considerada por muitos a melhor seleção de todos os tempos, tinha algumas características interessantes. A primeira: o time, apesar do momento mais ferrenho da ditadura militar foi convocado e formado por um comunista – João Saldanha. Em segundo lugar, possuía apenas três jogadores diferenciados. Gérson, Tostão e Pelé eram, a meu ver, os únicos que mereciam a qualificação de craques. Analisando os demais, um a um, vamos notar: O goleiro Félix era, para alguns, considerado medíocre e até frangueiro; o lateral Carlos Alberto, um líder valente, tinha cintura dura; o zagueirão Brito, um bravo e duro xerife; Piazza, quarto-zagueiro e Everaldo, lateral, eram “apenas” sérios e corretos; Clodoaldo e Rivelino, dois jovens emergentes e aguerridos, com bom domínio de bola; Jairzinho esbanjava velocidade e energia, mas tinha o chute fraco. Acima da média, então, estavam os três “maestros”, os mais lídimos representantes do charme do futebol brasileiro daquele momento. Todos, entretanto, verdadeiras “feras”, com pretendeu e convocou o jornalista Saldanha.
O futebol brasileiro, com a sua seleção experimentou uma fase hegemônica a partir da Copa do Mundo de 1958, quando foi campeão pela primeira vez. Até 1970, com a conquista do Tri, foi a referência mundial em termos de futebol técnico, plástico e competitivo. Vinte e quatro anos depois, da Copa de 1994 até a de 2002 voltou a ser respeitado, brilhando em três finais consecutivas, vencendo duas delas.
É bom lembrar ou saber que na última competição no Brasil, em 2014 e na sempre chorada Copa de 50, a nossa seleção só era favorita por sediar o evento. Em 1950, o grande favorito era o Uruguai campeão; em 2014 eram Alemanha e Argentina, que fizeram a final.
É verdade que não temos mais o “complexo de vira-latas” lavrado por Nelson Rodrigues, mas hoje somos apenas mais um país que pratica futebol, sujeito às novas e modernas táticas, às enormes conveniências comerciais e midiáticas, essas que sepultaram para sempre a ginga, o molejo, a classe e a alegria de jogar, características dos tantos magos da bola, os refinados jogadores do passado.
Alberto da Hora – escritor, músico, cantor e regente de corais
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