A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) reduziu a previsão de crescimento da economia mundial para 2020, passando a projetar um crescimento de 2,4%, menor expansão desde 2009 e ante expectativa anterior de 2,9%, citando o coronavírus e as contrações na produção chinesa.
“As perspectivas econômicas globais permanecem moderadas e muito incertas devido ao surto de coronavírus”, destacou a OCDE no relatório, citando inclusive o risco de contração na economia global no primeiro trimestre.
A OCDE passou a projetar para a China uma taxa de crescimento de 4,9%, o que representa uma redução de 0,8 ponto percentual ante a estimativa anterior (5,7%), divulgada em novembro. A segunda maior economia do mundo vai se recuperar em 2021 para níveis pré-coronavírus com crescimento de 6,4%, estima a organização.
Para os EUA, a projeção de alta em 2020 foi reduzida de 2% para 1,9%, indo a 2,1% em 2021.
Na zona do euro, onde o número de casos está aumentando rápido, a expansão foi estimada em 0,8% ante 1,1% em novembro, com a Itália registrando estagnação este ano. O crescimento da zona do euro deve subir para 1,2% em 2021.
Expectativas para o Brasil
Já para o Brasil, a projeção de crescimento da OCDE foi mantida em 1,7% em 2020 e em 1,8% em 2021.
O mercado brasileiro reduziu a estimativa de alta do PIB em 2020 para 2,17%, segundo a última pesquisa Focus do Banco Central, mas bancos e consultorias vem reduzindo as projeções e diversas instituições já estimam um crescimento abaixo de 2%.
O secretário de Política Econômica do Ministério da Economia, Adolfo Sachsida, afirmou nesta segunda-feira em entrevista à GloboNews, que a expectativa para o PIB brasileiro deve sofrer revisão para baixo em consequência dos impactos do Covid-19.
Sachsida disse que nas últimas duas semanas acendeu com mais força o sinal de alerta nos dados coletados pelos estatísticos da equipe econômica e que os números da China, como os de demanda de commodities do Brasil, estão vindo mais baixos.
Segundo ele, a SPE irá divulgar um relatório nesta semana com cenários para o impacto do coronavírus na economia brasileira e, até o início da próxima semana, deve ser divulgada a revisão do PIB de 2020. O dado atual do governo ainda é de um crescimento de 2,4%. Este número deverá ficar menor.
Crescimento pode ser ainda menor se vírus se espalhar
Segundo a OCDE, a estimativa de uma redução de 0,5 ponto percentual no crescimento global em 2020 leva em conta um cenário no qual a epidemia do coronavírus “tenha um pico na China no primeiro trimestre” e surtos “moderados e contidos” em outros países.
De acordo com a instituição, um surto de coronavírus mais duradouro e mais intensivo, com a epidemia se espalhando, pela Ásia, Europa e América do Norte, poderia levar a taxa de crescimento global a um patamar de apenas 1,5% em 2020.
Por outro lado, a organização projetou que a economia global pode se recuperar com um crescimento de 3,3% em 2021, assumindo que a epidemia atinja o pico na China no primeiro trimestre deste ano e outros surtos sejam contidos.
Ela disse que os governos precisam dar suporte aos sistemas de saúde com pagamentos extras ou benefícios fiscais para trabalhadores que fazem horas extras e esquemas de trabalho para empresas que enfrentam recuo na demanda.
Autoridades do Federal Reserve, Banco Central Europeu e Banco do Japão sinalizaram nos últimos dias que estão prontos para mais estímulos, se necessário.
Até agora, a coordenação internacional parece estar limitada ao G7, cujos ministros das Finanças devem realizar uma teleconferência nesta semana, disse o ministro das Finanças da França, Bruno Le Maire, nesta segunda-feira.
Fonte: G1