COSA NOSTRA BRASILEIRA –

Ele se chamava Giovanni Falcone e acreditava na justiça italiana e no processo antimafia, denominada de Mani Puliti (Mãos Limpas), desenvolvido na Região Autônoma da Sicília.

Este Juiz de Direito, magistrado honesto, em decorrência da apuração de atos de corrupção, foi morto em Palermo no dia 23.05.1992, a completar, agora, 20 anos do ato criminoso.

Pouco tempo depois, em 19.7.1992, assassinaram o Juiz substituto Paolo Borselino.

A vendetta é algo histórico na Córsega e na Sicília! La lupara, a arma!

Neste dia fatídico, chegávamos à Sicília. O Aeroporto de Palermo estava em convulsão, face aos acontecimentos, razão pela qual não se pode retirar as malas, tendo nossos anfitriões nos conduzido a um belíssimo hotel em Cefalu, às margens do Mediterrâneo, até que os procedimentos fossem adotados.

A Itália vivia momentos difíceis, como viveu o Brasil, durante duas décadas, à mercê da corrupção institucional.

Nunca os dirigentes roubaram tanto o país, enlaçados pela máfia de projeção internacional, liderada por Tommaso Buscetta e sua grei, que agia no Brasil, também.

Em algumas nações do mundo a corrupção é algo endêmico, levando as sociedades à pobreza e à ruptura democrática, como prevê o Fórum de São Paulo em sua missão ideológica de implantação de políticas nefastas.

As Mãos Limpas brasileiras foram conduzidas pelo íntegro Juiz Federal Sérgio Moro até ao momento em que decidiu, num vol d´oiseaux, sobrevoar a Política brasileira. A partir daí, constatou a inaptidão para navegar pelos seus meandros, já devidamente “aparelhados” por governos corruptos, alcançando as raias da Justiça.

A corrupção e seu universo não escolhem poderes para atuar, desde que os mecanismos de repressão estejam anulados ou enfraquecidos sob seu domínio.

É um câncer que vai se instalando, lentamente, a definhar os poderes.

Eis que surge Sérgio Moro, uma unanimidade nacional, a feitio de um senhor de cutelo e baraço, a enfrentar a mitológica Hidra de Lerna com seus tentáculos.

Todavia, há um enorme caminho entre a probidade e a coragem cívica.

Hoje, Sérgio Moro, embora probo, candidato à Presidência da República não teve a devida coragem e altivez de classificar, corajosamente, membros da Suprema Corte, a feitio do indignado povo brasileiro, razão pela qual é detentor de pífia representatividade.

Quem cala, consente, diz o sábio provérbio. Quem vota é o povo!

Ruy (eu não mudo o seu prenome) Barbosa de Oliveira, a Águia de Haya, de forma lapidar, dizia:

“O ladrão prostitui com o roubo, as suas mãos. O mentiroso, com sua mentira, a própria boca, a sua palavra e a sua consciência. Os antigos enxergavam no mentiroso o mais vil dos tarados morais. Depois de enumerar todas as misérias de um perdido, concluíam, quando cabia. E até mente.”

Assim, somente me resta afirmar que NÃO VOTO EM LADRÃO!

 

 

 

 

José Carlos Gentili – Jornalista, ítalo-brasileiro

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