COVID-19 AS NOVAS VÍTIMAS –
Pouco tempo atrás coloquei minhas preocupações com essa retomada de atividades ora em curso.
A necessidade de dar suporte às empresas, especialmente as micro e pequenas, bem como amparar os que perderam seu trabalho, obriga o governo a aumentar seus gastos, isso é um assunto recorrente nos noticiários.
Que será obrigatório já é certo.
O nó desta questão é o endividamento público.
A discussão sobre o tema traz à tona a questão do programa renda Brasil, versão ampliada do bolsa família em termos de valores e alcance, além do capital necessário para dar suporte às empresas e projetos do executivo e outras ações que demandarão capital público.
A partir daí começo a verificar algumas questões importantes e preocupantes.
Permanece o teto de gastos?
Vamos aumentar a carga tributária? Como e com qual novo imposto ou alíquota?
Podemos ter solução mais agressiva não dentro dos padrões tradicionais?
Conseguiremos induzir investimentos privados?
São muitas questões a serem respondidas num curto período de tempo.
Meu entendimento é que algumas propostas devem ser melhor avaliadas, ainda que não sejam consenso, não são, pelo menos, desvarios.
Uma delas é o chamado Quantitative Easing(Flexibilização Quantitativa) ou QE, como é conhecida.
Por definição é uma política macroeconômica que flexibiliza a liquidez gerando moeda.
Um dos apoiadores dessa ideia é André Lara Resende, um dos formuladores do Plano Real.
O FED, o Banco Europeu, o Banco da Inglaterra e o Japão, entre outros, aplicaram esse conceito em crises recentes com resultados interessantes.
Essa seria uma ferramenta que se usada com critério, poderia, além de reduzir a dívida pública, auxiliar em projetos específicos sem ser contabilizada como dividapública clássica.
Isto nos daria tempo para outras soluções mais ortodoxas tais como reforma tributária, reforma administrativa e atração de investimentos privados em projetos específicos.
Pelo que li a respeito valeria a pena ser melhor avaliada pelos economistas de plantão pois é um assunto bastante técnico e complexo.
Em se mantendo o teto de gastos, não haverá outra alternativa a não ser o aumento da carga tributária, isso em uma economia já debilitada poderá ter consequências desagradáveis.
A proposta de reforma tributária já apresentada pelo executivo já chegou polemica, a junção de PIS e Cofinscom alíquota única de 12 %, apesar de acabar com regimes especiais, eleva a carga de quem responde por 70% do PIB, o setor de serviços e deixa de fora os bancos que, em minha opinião, poderiam ser mais onerados, ainda que tivesse uma redução da alíquota cheia, hoje respondem por 5,9%.
Outro ponto polêmico será o novo tributo sobre transações eletrônicas ou o e-commerce.
Na prática uma nova CPMF, disfarçada. Aliás, falei sobre isso em artigo publicado.
Hoje já se fala nela, a antiga e famigerada CPMF.
A justificativa seria reduzir outros impostos e gerar mais empregos. Não tenho essa ilusão.
Poderemos ter simplificação nesse emaranhado que é o sistema tributário, porém, redução dos impostos não acredito.
Ainda nessa questão de aumento de arrecadação não vejo qualquer movimentação na reforma administrativa que, em minha opinião é a mais importante de todas. Traria economia nos gastos públicos além de focar melhor atendimento quanto aos serviços prestados.
Não vejo empenho nessa reforma que terá enorme resistência dentro da máquina pública.
Privatizações e atração de investimentos privados serão de suma importância nesse contexto, especialmente capital externo, não vejo as empresas nacionais, salvo algumas raras exceções, além de bancos e fundos de investimentos, com apetite para projetos de longa duração.
Enfim, o custo COVID-19 ainda é uma incógnita, teremos uma melhor avaliação da situação em meados de outubro.
O panorama de falências, recuperação judicial e índice de desempregados nos dará um parâmetro mais real sobre as necessidades.
As decisões terão que ser rápidas muito embora sabemos que o debate poderá ser longo.
Apenas posso afirmar que, nós, empresários do setor privado e trabalhadores comuns, teremos uma nova carga para suportar.
Os sobreviventes poderão contar melhor essa história.
Roberto Goyano – Engenheiro
Sua colocação e preocupação com retomada do crescimento, pos covide 19, faz todo sentido.
Somos um povo hipocriita pois em época de crise, ao invés de sermos solidários, baixarmos o preço do custo produção” distribuição e etc, visando lucro extra, majoramos toda cadeia produtiva e de serviços, de modo a criar um caos econômico.
Sua preocupação e a solução apontada, são pertinentes.
Muito bom texto.
Abraço do seu amigo,
Glenio Calixto