COVID-19 PERSPECTIVAS –

Tenho tido oportunidade, em artigos recentes, de colocar algumas observações e minha visão sobre a situação que estamos vivendo.

Em vários deles, apesar de falar sobre a pandemia, o foco recorrente acaba sendo economia.

Com a disponibilidade das vacinas, novas perspectivas se apresentam trazendo algumas questões que merecem ser avaliadas.

Apesar de, eventualmente, poder fazer referência a atividade econômica não vou tecer nenhum comentário mais longo uma vez que, quero focar nas vacinas e saúde pública.

No início dessa pandemia a primeira alternativa que tivemos foi o completo isolamento social com a paralização quase que total das atividades não essenciais.

Alguns medicamentos auxiliaram no suporte aos infectados sem contudo resolver o problema.

Na sequência o mundo todo se empenhou na busca de. uma vacina que pudesse fazer frente ao vírus..

Tivemos, em tempo recorde, o desenvolvimento de várias vacinas que surpreenderam até mesmo os mais céticos e apresentaram resultados além do esperado.

É inegável que sem as vacinas teríamos um número mais assustador ainda de mortes do as que tivemos porém, ainda estamos numa fase inicial de conhecimento das consequências que esse vírus acarreta. Algumas vacinas têm a capacidade de evitar a propagação do vírus o que é muito importante na redução de contágio.

Essa nova fase traz à tona uma série de questões.

A primeira questão que nos deixa preocupado é a capacidade de mutação do vírus, já temos novas cepas muito mais agressivas.

Essa mutação viral pode estar reduzindo a eficácia das vacinas atuais que, com certeza serão readaptadas, caso necessário, às novas cepas.

Algumas dessas cepas podem estar burlando nosso sistema imunológico mesmo em já vacinados.

Outra questão é a reinfecção daqueles que já se recuperaram, vacinados ou não.

Já há noticia de caso de morte por reinfecção, relatada recentemente no Brasil.

Teremos que manter sim protocolos sanitários semelhantes ao que hoje temos que observar.

A mutação viral é decorrente de sua facilidade em encontrar hospedeiros desprotegidos e, com certeza, produzir novas cepas capazes de escapar de nossas defesas.

Não teremos a erradicação do vírus como gostaríamos uma vez que, não há vacina suficiente para proteger mais de 7 bilhões de pessoas.

E ainda teremos aqueles que não serão vacinados por este ou aquele motivo.

A questão que se coloca é: iremos conviver com esse vírus por muito tempo? A resposta, na minha opinião, é sim; iremos conviver com o vírus por um longo tempo.

Ainda que estejamos mais protegidos no futuro, por conta das vacinas, ele estará circulando mundo afora e, quase que com certeza, trazendo novas mutações.

Não estou sendo pessimista, apenas encarando a realidade.

Teremos que manter um novo normal mesmo após as vacinas, respeitando protocolos de segurança, talvez um pouco mais brandos, teremos sim que manter certo afastamento social.

As vacinas terão que ser ajustadas sistematicamente, tais como as de gripe.

Temos hoje notícias de fármacos que estão sendo testados para a recuperação de pacientes em estado grave apresentando resultados animadores, isso é um alento e, acredito eu, uma outra fase do convívio com o vírus.

A vacinação reduzirá em muito a necessidade de internação, aliviando o sistema público de saúde e procedimentos mais invasivos, com os novos medicamentos teremos mais êxitos na recuperação dos casos mais graves.

Tomando por base o que coloquei acima sairemos de uma situação de emergência, que é a atual, para um novo contexto de política pública de saúde para fazer frente ao convívio com o vírus.

Essa nova situação exigirá um tratamento completamente diferente do atual e envolvendo despesas que já deveriam estar sendo pensadas e planejadas para esse nosso novo normal.

O nosso sistema de saúde (SUS) exigirá maior aporte de investimentos para esse novo normal para sua aprimoração no atendimento.

As considerações feitas refletem minha visão de leigo que, exercitando uma análise lógica da situação, servem para chamar a atenção dos especialistas da área que contestarão, ou não, o que foi colocado.

Ainda temos a questão das diversas sequelas que pairam sobre os recuperados e como tratá-las, serão temporárias ou permanentes? Exigirão nova abordagem para essas pessoas no que tange à sua capacidade de trabalho?

Podem gerar comorbidades severas? Há como evitá-las?

Ainda estamos nos primórdios nesse assunto.

Muitas questões só serão melhor entendidas com o passar do tempo.

As vacinas terão sua avaliação após um grande contingente ser inoculado com o líquido milagroso que, com certeza tem suas limitações.

Poderemos ter, na verdade, não mais uma pandemia mas uma eventual endemia cujo enfoque para a saúde pública é completamente diferente.

Teremos um novo tempo, muito melhor do que o atual, com mais conhecimento e alternativas para fazer frente ao COVID e suas variantes, mas uma coisa é certa, muito do que esperamos depende de nossas atitudes frente ao que nos for exigido, os milagres serão limitados.

O tempo nos trará algumas respostas.

 

 

 

 

 

Roberto Goyano – Engenheiro

As opiniões contidas nos artigos são de responsabilidade dos colaboradores

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