Em relatório publicado no sábado (17), pesquisadores do Laboratório de Inovação Tecnológica e Saúde (Lais) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) recomendaram a retomada das atividades escolares da rede pública de ensino, em todo o estado, de forma híbrida – com aulas presenciais e à distância.
Seis das sete recomendações no documento, que fez uma análise do cenário da pandemia no Rio Grande do Norte após o feriado da Semana Santa, estão relacionadas à estruturação das escolas e volta às aulas. Para os pesquisadores, o retorno das atividades rede pública de ensino em formato híbrido é possível, desde que ocorra de forma faseada, “baseando-se nos indicadores epidemiológicos e assistenciais”.
As aulas do setor público e privado foram suspensas em março de 2020, no início da pandemia da Covid-19. As escolas privadas voltaram a abrir em Natal e outras cidades potiguares em setembro do ano passado – com aulas em formato híbrido – porém, a rede pública ainda não retomou as atividades.
O Ministério Público entrou com ação na Justiça, em abril, pedindo a retomada das aulas na rede pública e que o serviço seja o “primeiro a abrir e último a fechar” caso necessárias medidas de contenção à pandemia. Já o secretário de educação do estado, Getúlio Marques, afirmou que as aulas serão retomadas quando houver recomendação do comitê científico do estado.
Embora considerem que o cenário ainda seja crítico, os pesquisadores – parte deles membros do comitê científico estadual – apontam que a educação pública foi o setor mais afetado por não ter feito nenhuma retomada ao longo de 13 meses. Além disso, afirmaram que a situação causou maior vulnerabilidade de crianças e adolescentes.
O relatório recomenda também que as escolas devem estar estruturadas segundo protocolos estabelecidos pelas autoridades sanitárias estaduais e locais. Outra recomendação é que haja garantia de condições para que o professor possa dar aulas em formato híbrido.
“É essencial que a sociedade, as empresas, os poderes constituídos e, em especial, os órgãos de fiscalização e de controle cobrem do Ministério da Educação, da Secretaria de Educação do Estado e das Secretarias de Educação dos Municípios a previsão orçamentária adequada e o aporte dos recursos financeiros suficientes para que existam as condições necessárias para oferta do ensino seguro nas escolas públicas, de modo que formatos alternativos de ensino possam ser desenvolvidos e implementados”.
Pandemia
Ainda de acordo com os dados observados, o estado registrou uma redução de cerca de 30% da média diária de novos casos, entre março e o início de abril, porém, a partir do dia 4, houve um aumento tanto no número de novos casos como na taxa de transmissibilidade, ficando acima de 1 a partir do dia 4 de abril.
“Esse aumento representa uma maior possibilidade de contaminação entre as pessoas”, ressalta o diretor executivo do LAIS, professor Ricardo Valentim. Outras informações também são analisadas pelos pesquisadores, apontando, ainda, a necessidade de medidas restritivas.
Os pesquisadores ainda recomendação que os pacientes críticos em fila de espera por UTI devem ser “objeto de um esforço de mobilização por parte da autoridade sanitária estadual” para a obtenção dos recursos financeiros necessários à sua imediata hospitalização.
Fonte: G1RN