A primeira reunião da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras, nesta quarta-feira (5), terminou às 23h, depois de quase nove horas de trabalho. Com previsão dos depoimentos dos presidentes das empresas Mitsui, Shinji Tsuchiya e Samsung Heavy Industry no Brasil, J.W.Kim, apenas Tsuchya foi ouvido, mas também depuseram integrantes da Polícia Federal (PF), sobre a interceptação de informações telefônicas do doleiro Alberto Youssef e do ex-deputados, André Vargas e Luiz Argôlo.
Os parlamentares colheram os depoimentos do agente da PF Sérgio Ramalho Rezende e dos delegados José Navas Júnior, Ricardo Hiroshi Ishida e Sérgio de Arruda Costa Macedo. Em 2012, eles viajaram ao Canadá obter as informações junto à empresa RIM (Research in Motion), fabricante do aplicativo usado pelos telefones celulares BlackBerry. O aplicativo criptografava as mensagens trocadas entre o doleiro, Vargas e Argôlo.
As defesas de André Vargas, Luiz Argôlo e da empreiteira OAS argumentam que os dados foram obtidos ilegalmente e pedem a anulação das provas. Aos deputados, os policiais disseram que a operação serviu para aprender a decifrar o código das mensagens e que não surgiu “de uma demanda específica, mas de uma demanda de cidadãos brasileiros praticando crimes em território nacional por meio da troca de mensagens”, disse o delegado Ricardo Hiroshi Ishida, coordenador da equipe que foi ao Canadá.
O deputado Valmir Prascidelli (PT-SP) criticou a operação. “Se era para buscar tecnologia, munir a PF de mais tecnologia para as operações, porque tanto sigilo?”, questionou. A reunião da CPI foi marcada por bate-boca e crítica de deputados a algumas convocações da CPI, que ocorreram por votação simbólica e em bloco junto com cerca de 80 outros requerimentos, entre eles o da advogada Beatriz Catta Preta.
A advogada, convocada no dia 9 de julho, atuou em nove dos 22 acordos de delação premiada firmados na Operação Lava Jato, entre os quais o do ex-consultor da Toyo Setal Júlio Camargo, que acusa o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), de pedir US$ 5 milhões em propina.
A CPI colhe hoje (6) o depoimento do lobista Milton Pascowitch. Segundo a Polícia Federal, os depoimentos do delator foram essenciais para justificar a prisão do ex-ministro José Dirceu, na 17ª fase da Operação Lava Jato, denominada Pixuleco.