CRIME CONTRA O ESTADO –

Sou engenheiro aposentado do Departamento de Estradas de Rodagem, fui eleito vice-presidente da secção Nordeste da ABDER. Associação Brasileira de DER. Tínhamos orgulho de sermos funcionários daquela repartição, não ganhávamos muito, mas o suficiente para a época. No quadro de funcionários tinha advogados, médicos, psicólogos, dentistas, economistas, assistentes sociais, além do quadro técnico com pessoas habilitadas as construções de estradas e obras d’artes. Tínhamos cursos de especialização para todos, principalmente do quadro técnico, cursos esses, muitas vezes ministrados no exterior. Tínhamos sete residências (Distritos Rodoviários) ´todos funcionando, todos com equipamentos suficientes para atender a malha rodoviária que na minha época era o bem mais caro do estado, estradas e obras de artes (pontes, bueiros, passagens de níveis, calhas, sarjetas etc.). No fim dos governos dos Maias (Tarcísio, Lavoisier e José Agripino) as cidades do Rio Grande do Norte ficaram ligadas a Natal via asfalto e todos de boa qualidade, hoje dá até desgosto trafegar pelas estradas do nosso estado, ou danifica o veículo ou perde-se a vida.

Não podemos atribuir toda culpa no atual governo pois este cenário vem acontecendo há alguns governos passados, e os engenheiros do quadro do Departamento calados, não fizeram nenhum ato de reação quando pessoas desqualificadas foram dirigir aquela autarquia. Hoje é triste e até revoltante ver o Departamento dá seus últimos suspiros.

Culpados somos todos nós, que assistimos calados esta derrocada, culpado foram e é governadores que nomearam pessoas sem a menor qualificação para dirigirem aquele Departamento. Foram-se os dias em que sentíamos orgulho de pertencermos aquela autarquia.

O prédio onde funcionava as oficinas centrais era limpo e organizado não se vendo peças, ferramentas ou manchas de óleo espalhadas pelo chão. O prédio foi cedido a Policia Militar que não manteve e encontra-se em péssimo estado de conservação, dar até tristeza de olhar, uma irresponsabilidade.

A minha preocupação é com o silêncio dos engenheiros que a tudo assiste calados, estáticos. Por isso relembro Rui Barbosa, me preocupa o silêncio dos bons.

Acho tudo muito estranho, talvez mais nunca veja o Departamento como um Departamento de Estradas de Rodagens, fico triste ao ver o órgão tão respeitado como era, virar a espelunca de hoje.

Não fiz a análise em loco, mas, com certeza, os revestimentos de mais de 80% das rodovias estaduais estão imprestáveis, um patrimônio altíssimo jogado pelo ralo, por falta me manutenção.

Não serei eu que vou aplaudir a passagem do cortejo fúnebre.

 

 

 

 

 

Augusto Coelho Leal – Engenheiro Civil

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