CRINGE OU KRUEGER –
Quem me conhece sabe que sou a rainha em falar bobagens. Ser polida demais dá muito trabalho, requer muita atenção. Assim como mentir! Quem mente passa muito tempo refletindo antes de falar, não é? Para não ser pego num deslize, creio eu. Eu falo rápido demais… e falo demais! Confundo as palavras (sou boa nisso!) e tenho uns momentos de lapso que são assustadores.
Prazer, essa sou eu!
Nestes últimos tempos ouvi milhões de vezes a palavra “cringe”. Alguns diziam que era absurdo eu não saber o que significa (nossos filhos!) e outros diziam ser solidários a mim nesta ausência de conhecimento (meu esposo!). Recusei-me a olhar dicionários até que, claro!, um vídeo de tik tok chegou ao meu celular com a explicação perfeita, o que me fez terminar o vídeo rindo e pensando: que bobagem!
Bobagem mesmo!
Vejo apenas mais uma palavra sendo incorporada ao nosso idioma como sendo “cool”, mas que não carrega relevância gramatical. Olho para trás e penso na minha adolescência. Não tínhamos muito isso de usar palavras da língua inglesa no nosso vocabulário. Mas, tínhamos um vício assustador em filmes de terror!
Entre infinitas fitas de A Hora do Pesadelo ou de Sexta-Feira 13, vi Fred Krueger retornar das cinzas, como uma fênix, centenas de vezes. Saindo de armários, esgotos, atrás de árvores, ele e sua blusinha listrada vermelho e azul ressurgiam em todos os filmes. Aliás, isto é excelente para o figurinista! Reduz seu trabalho. Como os personagens da Turma da Mônica…
Falando na roupa de Krueger, vi uma igualzinha num dos shoppings de Natal. Pensei em comprar. Achei fofa a combinação de listras até que, a memória chegou e gargalhei em público.. Lembrei de Fred (Krueger!) e fiquei receosa de ficar a cara dele.
Eu ficaria Krueger…
Ou cringe?
Bárbara Seabra – Cirurgiã-dentista, professora universitária e escritora