A CRÍTICA DE KARL POPPER A FREUD –
Um dos maiores críticos da psicanálise, mesmo depois de sua morte, continua sendo o espistemólogo austríaco, Karl Popper, autor de diversas obras clássicas e importantes, dentro da Teoria do Conhecimento Cientifico. Popper, já falecido, foi o que se chama, dentro do universo científico, um estudioso sobre os métodos que validam ou não uma hipótese ou mesmo uma teoria científica.
Para Popper, toda ciência para ser aceita como tal, precisaria de uma contra prova que a colocasse em cheque, para ai sim, ser validada como Ciência. A ideia de ciência para receber este nome, precisa ser permanente aberta. Portanto, para ele, a psicanálise, com sua pretensão de tudo explicar, não poderia ser aceita dentro dos escopos científicos. Não teria, por assim dizer, a contra prova.
É uma crítica portentosa. E diria mesmo interessante. Mas a psicanálise, dentro da sua pouca vida científica, já recebeu outros golpes duros. Há uma capa famosa de uma revista inglesa, dos anos 70, que estampou com todas as letras que “Freud está morto”. Com todo o respeito, não me parece. Freud continua tão “vivo” como sempre esteve desde as suas primeiras postulações, escandalosas, sem dúvida, como por exemplo, a existência do Inconsciente enquanto espaço psíquico.
A ideia da existência de pensamentos ou ideias inconscientes gerou um campo de batalha em especial com a filosofia, que sempre reportou a concepção da consciência enquanto espaço mental privilegiado e único por onde circulavam os fenômenos psíquicos. Freud, no entanto, chegou à noção do inconsciente extraída dos sintomas histéricos que, por não terem causa biológica remetiam (essa a hipótese inicial) a conflitos intrapsiquicos.
A conclusão lógica se fazia necessária, desde que aceita a premissa inicial de conflito psíquico. Na hipótese de conflito mental teria que haver forças contrárias, em espaços diferentes, e que teriam perdido o contato de uma comunicação entre elas. A partir dessa constatação, Freud postula então, a noção do Inconsciente psíquico.
Mas a coisa avançou. Com o lançamento do livro “Psicopatologia da vida cotidiana”, Freud buscava através de diversos exemplos do cotidiano, afirmar a existência do que ele chamou de Inconsciente.
Mas o grande escândalo mesmo, dentro da teoria postulada por Freud, a existência da sexualidade infantil. Em 1905, ele lançou o ensaio, talvez, mais revolucionário de sua extensa obra, intitulado de “Três ensaios sobre a teoria da sexualidade infantil”. A partir daí, a psicanálise fez história. Como disse certa vez o próprio Freud, coube a ele “perturbar o sono do mundo”.
Laurence Bittencourt – jornalista e psicólogo
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