AB MARIA OLIVIA

Maria Olívia Dutervil

O ser humano é fantástico. É o único que se acostuma com o “mais ou menos”. Onde já se viu o leão, se acostumar com “mais ou menos”. Ou quem sabe uma andorinha. Eles nunca se acostumarão. Eles simplesmente só demandam energia para aquilo que lhes possa render uma vantagem real e palpável. O ser humano sim! Ele adora uma ilusão. Às vezes é mais fácil uma “meia boca”, do que uma boca inteira. Até porque, a boca inteira, lhe trará um pouquinho mais de esforço, e o humano é preguiçoso. Muito, diga-se de passagem! O “mais ou menos” na maioria das vezes não implica grandes mudanças. Somos seres, além de preguiçosos, medrosos. E que medo do novo!

O “mais ou menos” é “mais ou menos”, é “café com leite”, é “mel na chupeta”. Ou seja: é mais fácil! E nós adoramos as facilidades da vida.

Eu em umas das minhas reflexões diárias cheguei a diversas conclusões quanto a esse assunto. Os caminhos mais fáceis nem sempre nos levam as melhores respostas .

Mas, tudo bem. Nem tudo na vida tem que ter uma resposta, e eu ando me acostumando com isso. Manter livros abertos, não quer dizer que não tenhamos uma posição quanto a eles. Isso só demonstra que não há uma posição conclusiva, uma conclusão definitiva. Tudo na vida é provisório. Hoje é, amanhã já não é mais. Isso sim é uma realidade. E temos que nos acostumar com a impermanência da vida. E é ai que o “mais ou menos” se encaixa.

Confesso que algumas vezes me revolto por causa dessa cultura do “por mim tudo bem”, entretanto creio que como já diziam os orientais, em um de seus sábios provérbios: o homem não há de ser duro, há de ser flexível. E realmente prefiro ser um bambu, a ser uma maçaranduba.

Não somos obrigados a ter respostas definitivas para tudo. A beleza da vida está exatamente na paciência de esperar a resposta chegar. E a vida se encarrega disto. E na maioria das vezes, nos assustamos com a resposta dada. Nos assustamos por que, como disse, na maioria das vezes, esta, não coincide com a resposta que daríamos no momento exato da pergunta. Momento este, que tomados por uma exultante motivação emocional, respondemos pela força da situação. Se pararmos para refletir por um só instante, veríamos que uma simples resposta é capaz de modificar uma série de convicções. E o que são as convicções? Meras certezas, cheias dúvidas, que nós, simples mortais, temos das verdades que achamos serem absolutas. Absoluto!

Nada há de absoluto na vida! A única verdade, realmente, inarredável é a de que estamos vivos, e o que faremos da vida? Isso cabe às respostas que serão dadas no caminho. Vezes dadas por nós, na inconsequente, mania de sermos donos do mundo; às vezes dada pela própria natureza das coisas.

Vejo isso com uma clareza límpida. E as vezes que deixei abertos meus livros, vários se fecharam por si sós. Os “mais ou menos” findaram em verdade finitas, incontroversas, que não sopesaram momento algum, entre a satisfação emocional e o aprendizado resistido. E isso doeu. Doeu! Por que em muitas das vezes o caminho não levou a tal satisfação.

Costumava ser uma pessoa cheias de certezas, e hoje… nada sei. Nada além do aqui e agora, nenhum segundo a mais, nenhum a menos. E se caso eu queira responder algo sobre tal questão… não poderei, porque será tarde demais…

Maria Olívia Dutervil – Advogada, consultora Tributária da A2J – Consultoria Empresarial. [email protected]

 

 

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