CRÔNICAS –
Sempre quis escrever. Os afazeres diários me afastaram dessa atividade que, no meu tempo de mais jovem, se complicativa pelo uso da máquina de escrever tradicional. Inconveniente, barulhenta, difícil de corrigir. Coisas que o computador nos fez esquecer.
Quando me aposentei, comecei a escrever alguma coisa, que publicava esporadicamente. De repente, estava escrevendo para o “Jornal de Hoje”. Mandei um artigo, que parecem ter gostado, pois me pediram outro e outro, e finalmente estava escrevendo todo sábado, quase que como uma obrigação. Diga-se de passagem, nunca recebi um centavo e ainda pagava a assinatura do jornal. Para ajudar e ver se continuava vivo. Infelizmente, fechou.
Nesse tempo, escrevi sobre tudo que vinha a minha cabeça. Lia os jornais de São Paulo e o “New York Time” diariamente, na internet, para tirar ideias que ajudassem nos meus escritos, e escrevi sobre tudo. Política nacional e internacional, economia, na maior parte. Às vezes, sobre outros assuntos. Atrevido, até sobre cinema, que não é o meu forte. Quando o jornal fechou, diminui minha “produção”, mudei de assuntos e publicava, e publico, no Facebook, o que achava poderia ser interessante para alguém, mas que tinha que ser interessante para mim. E tomei uma decisão; vou esquecer política, economia, assuntos polêmicos. Daqui para a frente, tudo será “flor de laranja”. E esse é o meu lema hoje em dia. Os leitores do jornal, e que podem estar lendo o Face, não perderam nada, e eu me divirto e acho que divirto outros também. Uma coisa, porém, me tranquiliza; lê quem quer.
Sinto que essa mudança teve sucesso. Evito polemicas, às vezes até agressões, e me dedico a encher meu tempo, quando disponível, com assuntos gostosos e variados. Lembranças da minha vida, dos amigos, experiências profissionais, enfim, vida. Tenho uma propensão natural, que eu cultivo, de esquecer coisas que me desagradaram e que possam criar polêmicas,
embora já esteja de “couro grosso” para quaisquer agressões. Por incrível que pareça, ainda há. Simplesmente esqueço. Não dou resposta.
Vinha pensando muito se deveria escrever este texto, quase uma confissão e declaração de compromisso. Resolvi fazê-lo por uma razão muito simples. É a verdade. É o que sinto. É o meu compromisso comigo mesmo e com os que têm a paciência de me ler. Já venho nesse caminho há tempos e não pretendo mudar. Me faz bem e é confortável. E, como ensinou Churchill, procuro usar frases curtas e palavras fáceis. Não se canse nem canse ninguém.
Dalton Mello de Andrade – Escritor, ex-secretário da Educação do RN, dandrade@dmandrade.com.br
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