Diogenes da Cunha Lima

Mesmo com vida breve, as flores fascinam.

Leila ama as flores. A minha filha fotografa por prazer, nas horas vagas, vez que é dedicada Procuradora do Estado. O seu olhar atento às flores tira delas o caráter efêmero para dar permanência a formas, livres de impurezas, cores insuspeitadas e, quase diria, sentir o perfume peculiar floral. Aqui, muitas vezes, ela consegue fixar o instante único da beleza plena.

A vida breve torna-se iluminada como se fora um sorriso vegetal. Quando a foto é perfeita, salva-se o momento para o efeito estético.

Trata-se da união da sensibilidade da fotógrafa com a excelência da natureza, a descoberta, a pureza, a simplicidade natural, a captura da originalidade de cada flor.

A que serve a visão das flores? Com certeza servirá também ao nosso aperfeiçoamento espiritual. As flores estão presentes na poesia, no amor, na primazia da linguagem, crenças, lendas, mitos, costumes elegantes, nas melhores horas, nas celebrações do começo e do fim da humana vida.

O nosso país, multiflorado, tem, nas árvores, a beleza da florinha nativa do pau-brasil, ibirapitanga, até a beleza estranha, contundente, aveludada, da africana flor do baobá de Natal. A nossa cidade tem como símbolo a xanana, flor silvestre, rebelde e linda, que surge nos cantos de muro, enfeita os canteiros, torna mais belas as manhãs natalenses. O pau-d’arco torna ainda mais belas as dunas verdes, a craibeira, espécie de pau-d’arco encanta os nossos olhos.

O livro “Flores que encantam o Brasil” foi publicado pela UFRN em parceria com a Federação do Comércio, graças ao empenho da professora Margarida e do presidente Marcelo Queiroz. O livro ganhou também o nome de Charming Flowers of Brazil, graças à participação do tradutor-criador Nelson Patriota. Com legítimo orgulho, nós o levamos à feira de livros de Frankfurt e lá foi exibido nos estandes do SESC de São Paulo e no específico do Rio Grande do Norte. Ficamos felizes de vê-lo fotografado por gente de feição asiática, por norte-americanos, visitantes de toda a parte. Apesar da advertência de possíveis edições piratas, entreguei pen-drives a quem pediu. Valeu para mim a lição de quem fez coisa semelhante com as suas composições o Maestro Felinto Lúcio. Ele me ensinou: “Eu quero é que a música toque”.

Procurei a forma poética concisa do terceto para dizer o que senti de observação e contemplação. Tentei alinhar-me ao transitório mesmo que desejando sentir o duradouro das flores.

Concorda comigo, leitor: as flores encantam o Brasil.

Diogenes da Cunha LimaEscritor, Poeta e presidente da Academia de Letras do RN

As opiniões contidas nos artigos são de responsabilidade dos colaboradores
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