David Card, Joshua D. Angrist e Guido W. Imbens foram premiados nesta segunda-feira (11) com o prêmio Nobel de Economia 2021.

Os pesquisadores foram premiados pelo uso de experimentos naturais (situações da vida real para calcular seus impactos no mundo) para entender as relações de causa e efeito em áreas como mercado de trabalho e educação. Essa abordagem dos economistas acabou se estendendo para outras áreas e revolucionou as pesquisas de campo.

Veja as principais contribuições de cada estudo premiado:

  • David Card: efeitos do salário mínimo, da migração e da educação no mercado de trabalho.
  • Joshua D. Angrist e Guido W. Imbens: uso de metodologia para entender o efeito de um ano a mais na escola para os estudantes.

De acordo com a Real Academia de Ciências da Suécia, “os economistas revolucionaram a pesquisa empírica nas ciências sociais e melhoraram significativamente a capacidade da comunidade de pesquisa de responder a perguntas de grande importância”.

David Card recebeu o prêmio por suas contribuições empíricas para a economia do trabalho. Já Joshua D. Angrist e Guido W. Imbens foram laureados por suas contribuições metodológicas para a análise das relações de causa e efeito.

Os pesquisadores receberão um prêmio em dinheiro de 10 milhões de coroas suecas (US$ 1,1 milhão) – metade vai para David Card e a outra metade será dividida entre Joshua Angrist e Guido Imbens, porque a premiação é pelo estudo.

Os outros vencedores do prêmio Nobel deste ano foram:

  • Paz: Maria Ressa e Dmitry Muratov
  • Medicina: David Julius e Ardem Patapoutian
  • Física: Syukuro Manabe, Klaus Hasselmann e Giorgio Parisi
  • Química: Benjamin List e David MacMillan
  • Literatura: Abdulrazak Gurnah

 

Quem são os vencedores

David Card, Joshua D. Angrist e Guido W. Imbens foram premiados nesta segunda-feira (11) com o prêmio Nobel de Economia 2021.

Por meio de experimentos naturais na década de 90, Card analisou os efeitos do salário mínimo, da migração e da educação no mercado de trabalho. Seus estudos mostraram, por exemplo, que o aumento do salário mínimo não leva necessariamente a menos empregos.

Outra descoberta de Card foi que os recursos das escolas são muito mais importantes para o futuro no mercado de trabalho dos alunos do que se pensava. E que a renda das pessoas que nasceram em um país pode se beneficiar de uma nova imigração, enquanto as pessoas que imigraram anteriormente correm o risco de serem afetadas negativamente.

Joshua D. Angrist nasceu em 1960 em Columbus, Ohio, nos EUA, e é professor de economia do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, em Cambridge, nos EUA.

Guido W. Imbens nasceu em 1963 em Eindhoven, na Holanda, e é professor de economia na Universidade de Stanford, nos EUA.

Angrist e Imbens foram recompensados, de forma conjunta, “por suas contribuições metodológicas na análise das relações de causa e efeito”.

Essa metodologia foi aplicada, por exemplo, para entender o efeito de um ano a mais na escola para os estudantes. Segundo o estudo, estender a escolaridade obrigatória em um ano para um grupo de alunos, mas não para outro, não afetará todos da mesma forma. Alguns alunos teriam continuado a estudar de qualquer maneira e, para eles, o valor da educação muitas vezes não é representativo de todo o grupo.

Com isso, os dois pesquisadores demonstraram em meados da década de 90 como conclusões precisas sobre causa e efeito podem ser extraídas de experimentos naturais.

“Fiquei absolutamente chocado ao receber a ligação, então fiquei absolutamente empolgado ao ouvir a notícia”, disse Imbens em um telefonema com repórteres em Estocolmo, acrescentando estar emocionado de compartilhar o prêmio com dois de seus bons amigos. Angrist foi padrinho de seu casamento.

Vencedores mais velhos e apenas duas mulheres

Até agora, somente duas mulheres foram laureadas no prêmio. Em 2019, o prêmio foi atribuído a um trio de pesquisadores especializados no combate à pobreza, os americanos Abhijit Banerjee e Michael Kremer e a franco-americana Esther Duflo, segunda mulher distinguida na disciplina e a mais jovem laureada da história deste prêmio, na época com 46 anos.

A primeira mulher a ganhar o Nobel de Economia foi a norte-americana Ellinor Ostrom, em 2009.

Economia tem sido, até agora, o Nobel onde o perfil do futuro vencedor é o mais fácil de adivinhar: homem com mais de 55 anos de nacionalidade americana.

Nos últimos 20 anos, três quartos deles se enquadram nessa descrição. A média de idade dos vencedores também é superior a 65 anos, a maior entre os seis prêmios.

O prêmio

 

O prêmio de Economia, oficialmente chamado de “Prêmio do Banco da Suécia em Ciências Econômicas em memória de Alfred Nobel”, foi criado em 1968 e concedido pela primeira vez em 1969.

A homenagem não fazia parte do grupo original de cinco prêmios estabelecidos pelo testamento do industrialista sueco Alfred Nobel, criador da dinamite. Os outros prêmios Nobel (Medicina, Física, Química, Literatura e Paz) foram entregues pela primeira vez em 1901.

O Nobel de Economia é o último concedido este ano. Os prêmios de Medicina, Física, Química, Literatura e Paz foram anunciados na semana passada.

Embora seja o prêmio de maior prestígio para um pesquisador em economia, o prêmio não adquiriu o mesmo status das disciplinas escolhidas por Alfred Nobel em seu testamento de fundação (Medicina, Física, Química, Paz e Literatura) – seus detratores zombam dele como um “falso Nobel” que representa economistas ortodoxos e liberais.

Últimos ganhadores do Nobel de Economia

2020Paul R. Milgrom e Robert B. Wilson (EUA), por seus trabalhos na melhoria da teoria e invenções de novos formatos de leilões.

2019: Abhijit Banerjee, Esther Duflo e Michael Kremer (EUA), por seus seus trabalhos no combate à pobreza.

2018: William D. Nordhaus e Paul M. Romer (EUA), por seus estudos sobre economia sustentável e crescimento econômico a longo prazo.

2017: Richard Thaler (Estados Unidos), por sua pesquisa sobre as consequências dos mecanismos psicológicos e sociais nas decisões dos consumidores e dos investidores.

2016: Oliver Hart (Reino Unido/Estados Unidos) e Bengt Holmström (Finlândia), por suas contribuições à teoria dos contratos.

2015: Angus Deaton (Reino Unido/Estados Unidos) por seus estudos sobre “o consumo, a pobreza e o bem-estar”.

2014: Jean Tirole (França), por sua “análise do poder do mercado e de sua regulação”.

2013: Eugene Fama, Lars Peter Hansen e Robert Shiller (Estados Unidos), por seus trabalhos sobre os mercados financeiros.

2012: Lloyd Shapley e Alvin Roth (Estados Unidos), por seus trabalhos sobre a melhor maneira de adequar a oferta e a demanda em um mercado, com aplicações nas doações de órgãos e na educação.

2011: Thomas Sargent e Christopher Sims (Estados Unidos), por trabalhos que permitem entender como acontecimentos imprevistos ou políticas programadas influenciam os indicadores macroeconômicos.

2010: Peter Diamond, Dale Mortensen (Estados Unidos) e Christopher Pissarides (Chipre/Reino Unido), um trio que melhorou a análise dos mercados nos quais a oferta e a demanda têm dificuldades para se acoplar, especialmente no mercado de trabalho.

2009: Ellinor Ostrom e Oliver Williamson (Estados Unidos), por seus trabalhos separados que mostram que a empresa e as associações de usuários são às vezes mais eficazes que o mercado.

2008: Paul Krugman (Estados Unidos), por seus trabalhos sobre o comércio internacional.

Fonte: G1

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *