DE BRASÍLIA, SHOPPINGS E CHAPÉUS –
Passei a semana de meu aniversário em Brasília, com meu filho Ricardo e a família dele. Foram dias muito agradáveis, pois ele tirou uns dias de folga e andamos muito para lá e para cá. É que fazia tempo que não ia em Brasília e aproveitei para rever algumas coisas, ir aos shoppings, feira do Paraguai, e alguns restaurantes do meu tempo que ainda funcionam e alguns dos novos.
No shopping novo da Zona Norte, o Iguatemi, vi uma loja só de chapéus. Tudo que você pudesse imaginar. Lembrei-me imediatamente da loja de meu avô, “Natal Moderno”, que ficava na esquina da Rua Vigário Bartolomeu com a Ulisses Caldas. Vendia de tudo, inclusive chapéus. Lembro-me bem dos chapéus que chamavam de massa, marca Ramenzoni. Não sei se ainda existem. Não me lembro se havia chapéus de palhinha para vender. Meu avô usava um desses. Saía de casa, na outra ponta da rua, vizinho a Escola de Música (hoje onde é o Banco do Nordeste), de gravata, paletó e chapéu de palhinha.
Gosto de usar um chapéu, vez por outra. Tem alguns que uso quando está chovendo. Outro dia, comprei pela internet um chapéu que chamam de Panamá, mas que é fabricado no Equador. Mas, só usei chapéu de palhinha uma única vez, e foi nos Estados Unidos.
É, ou pelo menos era um costume, durante as campanhas políticas, se usar chapéu de palhinha com uma faixa pedindo votos para o candidato. Coincidiu que, na campanha para a reeleição do governador Kenneth Curtis, que era meu amigo, ter viajado ao Maine. No aeroporto de Portland, alguns amigos que me esperavam, todos eleitores de Kenneth, me pediram para descer do avião com um chapéu de palhinhas desses. Não tive dúvida, atendi com prazer. Foi um sucesso. Haviam montado um esquema de propaganda, muitas fotos e publicação delas nos jornais do dia seguinte. Pena que não guardei os jornais. Estive com Kenneth, que me agradeceu e que foi reeleito com facilidade. Era do Partido Democrata.
Os jornais do Maine, não fizeram qualquer comentário negativo sobre a minha “interferência” na política americana. O mesmo não aconteceu em Nashville, no Tennessee, pouco tempo depois. Passei cerca de sessenta dias visitando escolas e departamentos de educação em diversos Estados americanos, convidado pelo governo. Umas das últimas visitas foi em Nashville. Fui entrevistado por um jornal local que, no meio da conversa, pediu minha opinião sobre McGovern, que era candidato democrata contra Nixon. Disse que preferia não dar minha opinião, era estrangeiro, não queria comentar. Insistiram, e aceitei o desafio. Reafirmei que não queria dar opinião, mas, diante da insistência, daria minha posição. Era favorável à McGovern, que era democrata. No outro dia, um outro jornal publicou que, como estrangeiro, não deveria andar dando palpite nas eleições americanas. Como sempre, não guardei nenhum dos dois jornais. A derrota de McGovern é considerada uma das mais contundentes das eleições americanas. Não sei se essa derrota foi por causa do meu apoio. Por volta de 1972.
Em compensação o governador do Estado, Winfdield Dunn, me concedeu o título de Cidadão Honorário do Tennessee, que está emoldurado na minha sala. Elvis Presley é meu conterrâneo.
Dalton Mello de Andrade – Escritor, ex-secretário da Educação do RN