DE MÃOS DADAS: RELATO DE UMA EXPERIÊNCIA INTERDISCIPLINAR –
O trabalho em equipe é de extrema relevância, pois, sozinhos não conseguimos mudar nada. Pensando em tal afirmação, foi que os setores de serviço social, psicologia e artes da Casa Durval Paiva se uniram a fim de proporcionar um espaço de escuta, aprendizado, troca de experiências, socialização de direitos, diversão e descontração para o grupo de acompanhantes da instituição.
O grupo é formado, majoritariamente, pelas mães dos pacientes acompanhados na instituição, e se reúne sempre nas sextas-feiras à tarde. Trata-se de um espaço de interação importante, onde as mães trocam experiências e trazem demandas para intervenção cotidiana. Nele temos a oportunidade de escuta, dando voz as suas angústias, muitas vezes silenciadas, para não transparecer aos filhos em tratamento e demais familiares, que esperam delas a força e o suporte necessário durante esse momento tão difícil, de busca pela cura. No entanto, estamos falando de mulheres normais, donas de casa, esposas, e mães que “largam” tudo para cuidar dos filhos, esquecendo muitas vezes dos seus sonhos, desejos e vontades pessoais.
Durante os encontros, elas se revelam a cada intervenção, e nosso intuito é fortalecê-las, e encorajá-las a enfrentar esse período da melhor maneira possível, dando a atenção e o apoio que elas necessitam, pois é necessário “Cuidar de quem cuida”. Muitas vezes, cobramos uma armadura dos adultos, pois frente às crianças eles estão bem mais “preparados” para enfrentar os desafios da vida, mas nos esquecemos de que ali dentro também bate um coração, que não estava preparado para saber que seu filho (a) possui uma doença oncológica ou hematológica crônica.
Os adultos também possuem medos e fragilidades, mas, muitas vezes, precisam mascará-los para se mostrarem fortes frentes aos seus filhos quando, na realidade, também precisam ser acolhidos e se sentirem seguros, necessitando reunir e transmitir forças. Na maioria das vezes os cuidados que deveriam cercar toda uma família, são direcionados somente ao paciente, quando esses também devem ser estendidos aos seus familiares, pois serão eles que, juntamente com o paciente, terão uma nova rotina totalmente alterada, que irão estar do lado do paciente sempre que ele precisar e terão de ser fortes, quando nem eles sabiam que seriam.
Ademais, como é possível cuidar se não estamos nos cuidando? Esse é um questionamento que fazemos constantemente as mães dos pacientes, e as respostas são as mais diversas, mas, a mais comum é “não temos tempo”. Há tempo para tudo, filhos, marido, casa, mas, não há tempo para elas.
Assim, temos o desafio diário de encorajá-las a se cuidarem, tirarem tempo para elas, bem como, para informá-las sobre seus direitos e deveres, afinal, elas travam lutas diárias para conseguir o melhor para os seus filhos. As atividades desenvolvidas no grupo acabam por unir e criar vínculos afetivos entre essas mulheres, fortalecendo laços, ajudando no sentimento de pertencimento ao espaço, como também mostra a essas mães que elas são capazes de ser quem elas desejarem ser. Todos esses fatores vão contribuir para a autoestima dessa mulher, mostrando por um lado, que ela tem seu valor singular, como também, que a união delas as fazem mais fortes, ajudando-as assim, no enfrentamento da doença.
Keillha Israely – Assistente Social da Casa Durval Paiva, CRESS/RN 3592
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