DE POEMA E ABSTRAÇÃO –
  I
Por si só não pesa
Feito lágrima no olho
Como gota de vela
Arde em chama de início
Como sólido desce
O líquido vence
E os lábios criam asas
Quando em tom menor              
Raia na úvula rouca
Insones dós arredios de dor
E nela voraz e insólita
A voz de um inquieto silêncio
Ilumina e resplandece
Como música barroca
Derramando o sol em si
                II
Do branco asséptico do meu verso
A sombra escura passou pela porta
Devagar após tantas investidas
Com o jeito habituado de vagar
No chão em pó de giz papel e lápis
Aprendeu a ter pés e caminhar
Fugir e com ela o ar da janela
Fazer a minha inspiração parar
E minhas mãos nela adormecer
José Delfino – Médico, músico e poeta.
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