DE TEMPERATURA ALTA –
Vivemos uma guerra civil há bastante tempo. Pequenos detalhes do manual de sobrevivência adotados pela população no dia a dia que o digam; os muros altos das residências ; as cercas elétricas; o desrespeito sistemático aos semáforos nas horas mortas da noite. E agora , como se não bastasse, o temor generalizado de sair às ruas a qualquer hora do dia. Os marginais e as milícias armados até os dentes. As guaritas dos condomínios fechados com fuzis e armas de grosso calibre. A segurança particular dos abastados implementada a todo vapor. Estamos nesses últimos dias, uma sociedade desamparada e destituída de suas prerrogativas básicas. Paralisados o transporte público, as aulas. As lojas e supermercados fechando suas portas mais cedo. O medo a se alastrar, o populacho a ver navios. E os gestores a exibirem a sua impotência. Ou, bem possível, sua incompetência. O raciocínio é perversamente simples. Se você vê uma janela quebrada na rua e não a conserta logo, no outro dia aparecerão mais vidros quebrados e, quando você se der conta, a situação fugiu ao controle. Pois nada foi feito quando ainda se tratava de um assunto de menor importância. Infelizmente, essa etapa foi ultrapassada. E o controle, perdido. Manter a ordem nos ambientes urbanos a qualquer custo é essencial para frear o vandalismo e não permitir espaços propícios para crimes mais graves ainda do que os que estão a acontecer no RN. Não haverá reversão de expectativa sobre o que está a acontecer sem pulso firme. Mas como, na ausência de infraestrutura adequada? Pouco se fez à respeito até hoje. Muito pouco é possível implementar com uma força policial sem condição material e treinamento adequado. Sem mencionar o uso incorreto das verbas alocadas para tal fim. Muito pouco é utilizado delas. Só olhar os números disponíveis. Competência e vontade política deveriam fazer parte do processo. A impressão que dá é que esses caras (ao pedirem socorro à força federal) são uns amadores no assunto. E o circo pegando fogo.