O espaço está irremediavelmente associado ao tempo, em blocos quadridimensionais, dizem. A evidência imediata, a princípio é comprovada através de múltiplos experimentos ou simplesmente pelo ato de se ver as imagens como elas são. São quatro as dimensões. Três de espaço (largura, altura e profundidade). E o tempo.
Teorias levam a crer que podem haver muito mais delas. A teoria das cordas, por exemplo, nos dá conta que, com a exceção do tempo, o universo tem dez dimensões. Mas no mundo em que vivemos, apenas três são acessíveis aos nossos olhos; e passíveis de decodificação pelos nossos cérebros, em escala macroscópica. As restantes são desconhecidas, fechadas nas verdades físicas e matemáticas dos domínios quânticos.
Viajamos, pois, em dimensões diferentes e nesses enquadramentos de espaço vivemos. Junto com a faculdade de se aprender por meio dos sentidos e da mente. A rigor necessitaríamos apenas dois desses parâmetros, que informam onde estamos localizados ao longo dos eixos norte-sul e leste-oeste; porque a terceira dimensão é óbvia: estamos na superfície da Terra.
Adentramos nelas a depender de fatores circunstanciais. Uma pintura, um desenho, uma foto, ou um livro, ocupam largura e altura , sendo considerados bidimensionais. Portanto, ao vermos um quadro ou lermos um livro passamos a vivenciar apenas duas dimensões. A percepção real, porém ilusória, da profundidade é mental, e diretamente relacionada à técnica de quem pinta, desenha, escreve , ou lê.
Ficamos a olhar as estrelas como algo material. E, de repente, somos inseridos numa sensação de solidão intrínseca. Na medida em que algumas delas nem mais existem. São só fachos retardados de luz viajando no tempo.
As imagens oníricas que vêm enquanto dormimos são aleatórias, adimensionais e não guardam lógica precisa. Os sonhos neste sentido seriam irracionais. Além do mais, a vigília e o sono em essência são díspares.
O córtex cerebral tem suas singularidades. Costumamos dizer coisas como, não sei se foi um sonho; não sei se eu estava acordado. Às vezes a gente acha que acordou de um sonho e aí descobre que ainda está sonhando; ou então a gente está acordado e parece um sonho.
Vivemos diferentes graus de insuficiência encarando o mundo e suas belezas. E teorizando o universo como uma galeria de arte infinita e vazia. Somos cercados por sons, objetos, luz e escuridão de forma infinda. E as racionalizações em forma de poesia ocupam espaço.
Porque ela é esperta e bela. Quando ela chega com aquela luminosidade líquida, o sol refreia a luz do dia; de noite quando ela passa, a lua arregala os olhos; os pássaros param e ao invés de cantar , ouvem; por onde ela pisa nascem dálias; e das suas passadas no chão, marcas ´água.
Nada a fazer, a não ser lê-las com cuidado, fechar os olhos, dar um suspiro , e esperar o coração desacelerar.
José Delfino – Médico