DEIXO-TE PARA ABRAÇAR A NOITE –

Deixo-te agora para abraçar a noite… e num sopro de imaginação súbita, alcanço-lhe ao toque… Riscando-lhe com a ponta dos dedos a derme eriçada, enquanto me rendo ao risco de te amar sem ser amado, nessa caminhada que me tem fim…

Fosse o amor de um único amante tudo que bastasse, meu cada passo pisaria sobre terra firme e minhas inseguranças seriam devaneios apenas… mas na noite, nesta noite, minha companhia será a escuridão que me empoeira os olhos cerrados…

Colinas e pradarias me chegam rápido por trás das pálpebras cansadas… e tudo é vazio, senão pelos ecos que ressoam do passado… e onde antes do tudo que sempre houve — houve você… e antes de todos os sonhos — sonhei você…

Antítese do Gênesi, primeiro houve luz… depois, — escuridão… Meus dedos quedam-se distantes e somem em vão… Agora… Ahhh… deixo-te para abraçar a noite, e pisar firme no vácuo do meu coração…

 

 

 

 

 

Charles M. Phelan – Advogado e Professor

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