Conselhos de enfermagem, Ministério Público e polícia investigam denúncias contra profissionais de saúde que não aplicaram a vacina corretamente.
A história da vacina de vento trouxe muita indignação. “Eu me senti mal, minha filha. Tadinho dos ‘veinho’. Tomando a vacina sem nada na agulha, né?”, lamenta a pensionista Luzia Gabrilo.
Mas isso não mudou os planos da Dona Luzia, de 83 anos, que nesta terça procurou um posto de vacinação no Rio. “Nós vamos abraçar, pular. Que nós vamos fazer?”, diverte-se.
As autoridades de saúde consideram as vacinas fake fatos isolados, mas já viraram caso de polícia. Vídeos que registram a hora da vacinação servem de prova das irregularidades.
Em Petrópolis, na região serrana do Rio, uma técnica de enfermagem usou uma seringa vazia em uma idosa de 94 anos. Em Niterói, na região metropolitana, a profissional de saúde inseriu a agulha, mas não aplicou a dose. Na capital, a cena se repetiu. A dose não foi injetada no braço de um senhor.
O Ministério Público do Rio investiga se a falsa aplicação está relacionada ao desvio de frascos da vacina contra a Covid e faz um alerta para uma situação que tem ocorrido em alguns lugares, como no município de São Gonçalo, também na região metropolitana. Um cartaz avisa que é proibido filmar e fotografar a vacinação.
“Se existe alguém que poderia eventualmente alegar direito à privacidade nesse momento é o próprio cidadão sendo vacinado. Se ele próprio quer a filmagem, ele não pode ser impedido”, garante a promotora de Justiça Bárbara Nascimento.
Outras capitais também registraram casos da vacina de vento. Em Goiânia, a vítima foi uma senhora de 88 anos. Em Maceió, o êmbolo da seringa não foi pressionado – a família logo percebeu o erro. Em todos esses casos, os idosos já receberam a vacina de verdade e os profissionais de saúde envolvidos foram afastados do serviço.
O Conselho Federal de Enfermagem afirma que as investigações podem levar até a cassação do registro profissional. “Comprovado que o profissional de enfermagem agiu de uma forma que não está em consonância com os princípios éticos da profissão, ele pode receber uma penalidade de acordo com a gravidade do ato praticado”, afirma Walkirio Almeida, coordenador do Comitê de Crise da Covid-19 do conselho.
Alguns cuidados precisam ser seguidos pelos profissionais de saúde que aplicam as doses e exigidos por quem vai receber a vacina. Isso ajuda a evitar falhas e tornam esse momento tão esperado mais tranquilo e seguro.
Gisele é técnica de enfermagem e explica o que deve ser feito: “Seu Gabriel, o senhor precisa ficar atento que tem que ser descartável e eu vou pegar a vacina agora para o senhor ver eu aspirando direitinho e fazendo o meio ml, que o senhor presisa fazer todo o volume da vacina. Tá bom?”.
É preciso ver o líquido dentro da seringa. “Aqui, Seu Gabriel. Tem que estar tudo preenchido. Tá vendo? Deixa o bracinho relaxado. Todo o conteúdo feito. Ok?”, explica Gisele.
“É muito importante que eles tenham essa segurança, para que eles continuem se vacinando. Porque a vacina é importante para todos”, destaca Celly Varga, gerente da clínica da família.
A Secretaria de Saúde de São Gonçalo afirmou que o cartaz na sala de vacinação é antigo e foi retirado depois das reclamações, e que orientou os servidores a permitir as imagens.
O Ministério da Saúde declarou que as secretarias de Saúde realizam treinamentos com os profissionais para utilização das boas práticas de vacinação.
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