Milícias rebeldes do norte da Síria abateram um helicóptero militar do regime de Bashar al-Assad nessa terça-feira (11). O governo sírio acusa o grupo armado de ter apoio da Turquia e respondeu à ofensiva com bombardeios na região de Idlib. No ataque, soldados turcos morreram, em um episódio que aumentou a tensão entre os dois países.
O governo de Assad tenta retomar o controle do norte da Síria, enquanto a Turquia tem apoiado a presença dos grupos rebeldes e inclusive mantém soldados na região. Recentemente, as forças pró-Assad reconquistaram o último trecho da rodovia que liga a capital, Damasco, à cidade de Aleppo — uma das mais importantes do país.
Pela manhã, forças apoiadas pela Turquia abateram com um foguete um helicóptero do Exército da Síria perto de Qaminas, cidade a sudeste de Idlib, afirma o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH). Os dois pilotos morreram. O governo da Turquia chamou o caso de “acidente aéreo”, sem reivindicar qualquer responsabilidade.
A agência de imprensa oficial síria, Sana, disse que “o avião foi atingido por um míssil hostil na região de Al Nayrab, no sul de Idlib, o que levou à queda da aeronave e à morte de sua tripulação”. Depois disso, forças do regime bombardearam áreas perto de um posto de observação turco na mesma cidade.
Pelo menos três pessoas morreram nesses ataques, informou o Observatório, que no entanto não sabia especificar se eram soldados turcos ou combatentes rebeldes aliados.
Com o conflito, quase 700 mil pessoas fugiram da ofensiva militar lançada em dezembro pelo regime Assad e pelo governo da Rússia na na região de Idlib. Esta é a onda mais significativa de pessoas deslocadas em nove anos de guerra, informou a ONU na terça-feira.
A Turquia, que tem 12 postos de observação no noroeste da Síria, enviou reforços para a área nos últimos dias. Já o Exército sírio reafirmou na terça-feira sua determinação em “responder às agressões do Exército turco”.
O secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, manifestou nesta terça-feira seu apoio à Turquia e disse, em um tuíte, que “as agressões em andamento do regime de Assad e da Rússia devem terminar”. Além disso, ele anunciou que o enviado especial dos EUA para a Síria, James Jeffrey, visitaria a Turquia “para coordenar as medidas de resposta”.
O governo da ainda está em contato com Moscou, o principal aliado do regime de Bashar al-Assad, com quem fechou um acordo para estabelecer uma “zona desmilitarizada” sob o controle da Rússia e da Turquia em Idlib, que, na prática, não deu em nada.
Metade da província de Idlib e setores vizinhos nas regiões de Aleppo, Hama e Latakia, controlados pelos jihadistas de Hayat Tahrir al-Cham (HTS, ex-Al Qaeda síria), constituem a última fortaleza rebelde que escapa ao poder do regime de Assad na Síria.
Diante do êxodo de civis, o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários anunciou uma “enorme operação humanitária” com a remessa, em fevereiro, de mais de 230 caminhões com comida através de dois pontos de passagem na fronteira turca, para servir 400 mil pessoas.
A maioria dos civis fugiu para o norte de Idlib, perto da fronteira com a Turquia, que Ancara fechou com medo de uma nova onda de migrantes.
Mais de 3,5 milhões de sírios encontraram refúgio na Turquia desde 2011, quando começou o conflito sírio, que já deixou mais de 380 mil mortos.
Fonte: G1