A taxa de desemprego no Brasil ficou em 11,8% no trimestre encerrado em setembro, atingindo 12,5 milhões de pessoas, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (31) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A taxa é a mesma registrada nos três meses terminados em agosto, mas menor que os 12% registrados no trimestre terminado em junho. Na comparação com o mesmo período de 2018, a taxa de desemprego sofreu leve redução, de 0,1 ponto percentual. Já o número de desempregados recuou em 100 mil na comparação com o mês anterior: em agosto, eram 12,6 milhões de trabalhadores brasileiros desempregados.
Informalidade
Os dados mostram que o desemprego segue persistente, e as vagas criadas são precárias. Na comparação com o mesmo trimestre de 2018, houve aumento de 1,5 milhão de pessoas na população ocupada, que atingiu o recorde de 93,8 milhões – mas essa alta segue sendo puxada pela informalidade, que ficou em 41,4% em setembro (mesma taxa dos três meses encerrados em agosto), e vem crescendo nos últimos anos.
São 38.806 milhões de informais – 41% do total de ocupados –, sendo:
- 11,838 milhões de empregados no setor privado sem carteira assinada
- 4,536 milhões de trabalhadores domésticos sem carteira assinada
- 19,504 milhões de trabalhadores por conta própria sem CNPJ
- 801 mil empregadores sem CNPJ
- 2.127 mil trabalhadores familiares
Setores
A analista do IBGE, Adriana Beringuy, destacou que, na comparação com o trimestre terminado em junho, somente a atividade de agricultura e pecuária registrou queda na ocupação – foram 144 mil trabalhadores a menos. Todas as demais registram aumento da ocupação, “mas somente a construção teve aumento efetivo, com relevância estatística”, segundo ela.
Foram admitidos 254 mil trabalhadores na construção entre junho e setembro. A grande maioria, segundo a pesquisadora, na condição de informalidade. “O que puxou essas contratações foram pequenas edificações e reparos, não grandes obras. [os admitidos] São os trabalhadores elementares da construção, como pedreiros e pintores, e o vínculo que sobressai na ocupação deles é o emprego sem carteira e o trabalho por conta própria”, ressaltou.
Na comparação com o mesmo trimestre do ano passado, Adriana destacou que somente duas atividades tiveram aumento relevante na ocupação: a de transporte, armazenagem e correio, e a de informação/comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas.
“Esta última, que inclui o agenciamento de mão de obra, foi a única atividade que registrou contratações com carteira de trabalho assinada, mas não o suficiente para aumentar o contingente total de trabalhadores formais no mercado de trabalho”, disse.
Trabalho sem carteira e por conta própria seguem em patamar recorde
Segundo o IBGE, o número de trabalhadores por conta própria e sem carteira assinada permaneceram em patamar recorde da série histórica da pesquisa, iniciada em 2012.
A categoria por conta própria chegou a 24,4 milhões de pessoas no trimestre encerrado em setembro, o que representa uma alta de 1,2% em relação ao mesmo período de 2018.
Já o número de empregados sem carteira de trabalho assinada seguiu no patamar recorde de 11,8 milhões de pessoas, o que representa um crescimento anual de 2,9%.
Já o número de trabalhadores com carteira assinada ficou em 33,1 milhões, o que segundo o IBGE representa uma estabilidade tanto na comparação com o mesmo período do ano passado como em relação ao trimestre anterior.
Falta trabalho para 27,5 milhões
A taxa de subutilização da força de trabalho ficou em 24% no trimestre encerrado em setembro, um recuo de 0,3 ponto percentual em relação a agosto, mas estatisticamente estável frente ao mesmo período de 2018. Isso significa que ainda falta trabalho para 27,5 milhões de brasileiros – 1 milhão a menos que três meses atrás, mas 300 mil pessoas a mais que há um ano.
Entre os subutilizados, o IBGE aponta que:
- 12,5 milhões estão desempregados
- 4,7 milhões são desalentados (desistiram de procurar emprego)
- 7 milhões trabalham menos horas do que gostariam
- 3,1 milhões fazem parte da força de trabalho potencial (estão disponíveis, mas não podem assumir uma vaga por algum motivo)
A pesquisadora do IBGE destacou que, na comparação com o trimestre anterior, diminuiu em 300 mil o número de trabalhadores subocupados por insuficiência de horas. “A gente não assistia a esse movimento de queda desde o primeiro trimestre de 2018. Não sabemos se isso é uma inflexão, ou apenas uma queda eventual, sem iniciar uma tendência de queda”, disse.
Questionada sobre que movimento pode ter provocado a queda desse contingente subocupado, Adriana disse que somente a divulgação trimestral da PNAD, que tem dados mais detalhados sobre o mercado de trabalho, permitirá fazer essa análise.
Fonte: G1