Os resultados do Exame Nacional do Ensino Médio 2015 por escola mostram que a maioria das instituições de ensino públicas está abaixo da média nacional. Segundo o ranking, organizado com base nas informações do Ministério da Educação (MEC), 97 das 100 melhores escolas, que obtiveram maior pontuação nas provas objetivas, são particulares. Na avaliação de especialistas, o índice não é suficiente para mostrar quais são as melhores e piores instituições de ensino do país, mas outros recortes trazidos pelos dados demonstram que a desigualdade social entre alunos é um fator importante e se reflete no desempenho nas provas.De acordo com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), as notas em matemática, linguagens e tecnologia na última edição foram inferiores em relação a 2014. As notas melhoraram, porém em ciências humanas e redação, cuja média passou de 491 para 543, sendo o máximo 580. Tomando como base as notas da prova objetiva e da redação por escola, a pontuação média das escolas brasileiras no Enem de 2015 foi de 525 pontos. Entre os colégios públicos, o número ponderado nacional é de 492 pontos; na rede particular, o valor é de 570 pontos.
Os arquivos reúnem as notas de 1.212.908 estudantes de 14.998 escolas do país que prestaram o exame no ano passado. Para participar do ranking, metade dos alunos da escola têm que ter feito a prova e o colégio deve ter ao menos 10 alunos. O número de alunos varia muito. Entre as 100 melhores escolas, por exemplo, pelo menos 40% têm até 60 alunos. O relatório apresentou ainda dados por Indicador de Nível Socioeconômico (Inse), calculado a partir da escolaridade dos pais, da posse de bens e da contratação de serviços pela família dos alunos, com o objetivo de situar o público atendido pela escola em um estrato ou nível social de acordo com um padrão de vida. Os colégios com maior taxa de participação no Enem têm Inse médio-alto (25,5%) e alto (22,5%). Em seguida, estão as instituições com indicador médio (19,6%), muito alto (17,3%), médio-baixo (10,1%) e baixo (4,6%). As escolas com Inse muito baixo representam apenas 0,4% do total.
A melhor do país é o Objetivo Colégio Integrado, de São Paulo, que tem 42 alunos e atingiu a média de 742,96 pontos. O Inep considerou também o porte das escolas: 28% eram muito pequenas (até 30 alunos), 26% eram pequenas (de 31 a 60 estudantes), 15% médias (61 a 90) e 31% grandes (mais de 91). As médias escolares foram de 541, 532, 521 e 509 pontos, respectivamente. Ou seja, quanto menor a instituição de ensino, maior a nota. “Os resultados têm contextos que precisam ser considerados. O desempenho do aluno sozinho não pode servir como diagnóstico da escola”, ponderou a presidente do Inep, Maria Inês Fini. Durante a apresentação dos dados, a secretária-executiva do MEC, Maria Helena Guimarães de Castro, ressaltou a diferença que há entre os alunos. “Do grupo socioeconômico muito alto para o grupo médio, há uma diferença de 100 pontos. É uma diferença absurda. Isso revela a enorme desigualdade do ensino médio brasileiro”, diz.
Gerente de Conteúdo do Movimento Todos pela Educação, Ricardo Falzetta ressalta que o Enem traz recortes e que não é possível se condenar escolas eventualmente mal classificadas pelo ranking. “Não dá para comparar uma escola que está no topo e atende a 40 alunos com nível alto com outra, pública, que atende 200 alunos com nível mais baixo. A realidade é que a gente vive num país desigual. A diferença não se explica pela qualidade das escolas, mas pela disparidade dos níveis socioeconômicos”, disse. Falzetta também lembra que a grande parte dos alunos acaba não fazendo o Enem. “Estamos falando de 40% das escolas. As outras 60% não foram consideradas”, ponderou.