DESINFETANDO –
Temos por hábito adquirir produtos diversos de limpeza, bactericidas, antiisso, antiaquilo. Limpamos o mundo ao nosso redor, esterilizamos nossos objetos, usamos álcool, água, sabão e cloro para nos manter saudáveis. Luvas, máscaras e toucas para nos proteger daquilo que pode ser nocivo à saúde, mas esquecemos que a linha que divide o são e o enfermo está, na maioria das vezes, dentro de nós e não fora.
Toda “parafernalha” usada para nos afastar daquilo que acreditamos que pode nos comprometer a saúde está sendo usada da forma errada. Claro que não devemos conviver num ambiente sujo, com lixo e insetos ao redor. Já saímos da Idade Média e temos muito discernimento para evitar os males trazidos pela falta de higiene, mas precisamos ter cuidado com as “colônias de microrganismos” que cultivamos em nosso interior.
O egoísmo, a inveja, a fofoca e a inércia, os pequenos arroubos de rancor e ódio, as explosões de temperamento, a má vontade, o apego desmesurado àquilo que é material e que por sua natureza é transitório, a frieza, a malícia e a desconfiança são os principais “bichinhos” que devemos temer. Eles nos roem por dentro, nos transformam em criaturas ocas, que continuam de pé, apenas para destilar mais veneno, mais doenças e transmitir de forma pandêmica o desamor a toda população.
Contra esses males devemos lutar árdua e diariamente, distribuir doses maciças de suas principais vacinas: o amor, a generosidade e a compreensão. Quanto mais nos afastamos dos sentimentos inerentes ao ser humano (porque raiva e agressividade nós vemos em todos os animais, mas apego e cuidado são emoções puramente humanas), mais letais nos tornamos, mais perigosos ficamos para nosso sistema e para o sistema dos irmãos.
O amor é o principal antibiótico e, apenas com doses cada vez maiores, poderemos “desinfetar” a nós mesmos e ao nosso planeta. A união é um bactericida potentíssimo e é capaz de dizimar a maior parte dos males que nos acometem. O perdão é o oxigênio e o alimento de nossa alma e, sem ele, nunca seremos capazes de viver com plenitude e leveza.
Com um pouco de discernimento e cuidado, plantando as sementes certas e extinguido o que realmente “ofende” a nós e a nossos irmãos, teremos uma vida longa e plena com certeza, basta experimentar.
Ana Luiza Rabelo, advogada (rabelospencer@ymail.com)
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