DIA NACIONAL DA POESIA: DIA DE CASTRO ALVES –
Na Bahia, já nos bancos escolares, nosso poeta maior teve como colega de sala Rui Barbosa. Lia textos poéticos para os colegas quando ainda bem jovem. Antônio Frederico Castro Alves, nascido na terra baiana, município de Muritiba, em 14 de março de 1847, fascinado pelas letras desde os primórdios da sua educação..
Em seu fulgurante tempo, com sua escrita dramática, ousou sentenciar a escravidão e as formas de injustiça no conturbado século XIX. Os desajustados da história, fortalecidos em sua dialética na poesia, que transcendia o sofrido manto da escravidão, ainda mais fazia esbater as sombras que encobriam o próprio destino humano.
Do perfil da Academia Brasileira de Letras, de cuja Cadeira número 7 é o Patrono, assim está o registro: “Encarnou as tendências messiânicas do Romantismo e a utopia libertária do século. Surgiu primeiro a consciência literária como problema social, e o abolicionismo era visto apenas como sentimento humanitário pela maioria dos escritores, que até então trataram desse tema. Só Castro Alves estenderia sobre o negro o manto redentor da poesia, tratando-o como herói, como ser integralmente humano”.
Em 1864, em Recife, ingressou na Faculdade de Direito, teve como colega de turma o futuro jurista e filósofo Tobias Barreto, que viria a ser patrono da Cadeira 38 da ABL. O mestre Machado de Assis e o crítico e historiador literário José Veríssimo externaram em crônicas o encanto pelas letras do jovem poeta baiano.
Três anos após, aos 19 anos, ligou-se à atriz portuguesa Eugênia Câmara, de 40 anos, peça influente na vida do jovem Castro Alves e na sua lírica.
Época de assomada inspiração e consciência social que refletiram em seus versos fulminantes. Em 1868 edita o dramático texto Gonzaga, neste ano faz sua transferência para a Faculdade de Direito do Largo de São Francisco em São Paulo. Reencontra-se com o conterrâneo ilustre Rui Barbosa.
Era patente a prolífica paixão por Eugênia Câmara, inspirando-lhe a personalidade efusiva que fez liberar os mais belos poemas de esperança, inquietude, saudade.
Ainda em 1868 não mais se encontrava com a sua adorada Eugênia. Outro drama de registro em convite para uma caçada, um tiro acidental do rifle que portava, atingiu o dorso do pé esquerdo. Aguardou em repouso, mas precisou retornar ao Rio, com ameaça de gangrena. Meses após teve o pé amputado, contava com 21 anos.
Logo a saúde abalaria com as hemoptises e severa expectoração. A relembrar que desde os dezessete anos ressentia-se de certa debilidade pulmonar, tanto que escreveu a época O tísico, ponderando a sua condição de saúde, precocemente abalada.
No ano de 1870, após recomendações para que voltasse à Bahia, assim passou a viver em uma fazenda de um tio-avô, almejando a melhora da tuberculose. Estimulava-se pela leitura de Victor Hugo. Em novembro desse ano foi lançado seu primeiro livro Espumas Flutuantes que, em vida, foi a sua única publicação. Ainda teve tempo para saber da enorme e favorável crítica e o grande acolhimento dos versos pelos leitores. Legou-nos incompleto o poema Os escravos. Deixou íntegro A cachoeira de Paulo Afonso, que viria à luz em 1876.
Faleceu em 1871 nesta propriedade familiar no arredor de Salvador, aos 24 anos, do mal do século, a tuberculose, que até o início do século XX assolou influentes poetas românticos como Castro Alves e Álvares de Azevedo, no Brasil, e John Keats e Lord Byron, na Europa.
Dísticos que ficaram na lembrança do povo de sua terra:
“Bendito aquele que semeia livros e faz o povo pensar!”
“A praça é do povo como o céu é do condor”.
“Eu já não tenho mais vida!
Tu já não tens mais amor!
Tu só vives para o riso,
Eu só vivo para dor”.
Castro Alves