DIÓGENES DA CUNHA LIMA – 33 ANOS – Armando Negreiros

DIÓGENES DA CUNHA LIMA – 33 ANOS –

Na última quinta-feira, dia 20 de julho de 2017, houve uma confraternização na Academia Norte-rio-grandense de Letras – ANRL, ocasião em que tivemos o lançamento do CD de Nelson Freire em parceria com o nosso Presidente Diógenes da Cunha Lima. Tive a honra de ser convidado pela nossa eminente e competente Secretária Geral Leide Câmara para dizer algumas palavras em referência aos aniversariantes do mês: Sanderson Negreiros, que completou no dia três 78 anos, foi até hoje o mais jovem a entrar na ANRL, com 27 anos de idade, fundou a cadeira de número quarenta e escolheu como Patrono Afonso Bezerra. É o único fundador de cadeira vivo. Paulo Bezerra Balá fez 84 no dia 16 e para imensa tristeza de todos nós faleceu nessa sexta-feira, dia 21/07/2017, nossas condolências a toda família. No dia 20 completaram Manoel Onofre Júnior, 74; Diógenes da Cunha Lima, 80 e no dia 23 Iaperi Sôares de Araújo, 72.
Dessa forma entreguei a idade dos ilustres confrades! – E por que danado no título do artigo você coloca “33 anos”? Porque não é de idade e sim de Presidente da ANRL, desde 08 de novembro de 1984, perdendo apenas para Dona Noilde Pessoa Ramalho na Escola Doméstica. Grandes concorrentes foram Meira Pires no Teatro Alberto Maranhão, Leide Morais na Maternidade Escola Januário Cicco e Enélio Petrovich no Instituto Histórico e Geográfico do RN.
Pois hoje resolvi homenagear o nosso presidente. É uma tarefa fácil pelos feitos do ilustre escritor, poeta, professor, consultor, advogado, intelectual Diógenes da Cunha Lima, filho. E, ao mesmo tempo, difícil pela exiguidade do espaço disponível.
Nascido na cidade de Anta Esfolada, hoje Nova Cruz, pelas mãos da parteira Maria Camila. Filho do seu homônimo e de Eunice Pessoa da Cunha Lima. Teve o estímulo do pai para enveredar pelo amor aos livros, escrevendo a sua primeira poesia aos oito anos de idade, “O reflexo”, que o seu pai publicou num jornal da igreja.
Sua infância transcorreu em plena Segunda Grande Guerra Mundial. Segundo descrição do seu biógrafo Antonio Júnior, no livro “Um sentido para a vida”, era um menino magro, fraco e atrevido; tinha na escola os apelidos de Ar-de-vento e Pirulito; além de gostar de livros, gostava também de dinheiro e de namorar, aliás, de noivar. Chegou a dar alianças a doze meninas de uma só vez, numa experiência de noivado coletivo. Segundo seu irmão Daladier Pessoa da Cunha Lima: “Criança bem pequena era meio zangado, dentro do estilo: fácil de se irritar e difícil de serenar.” Com o tempo inverteu essa equação sendo “difícil de se irritar e fácil de serenar”…
Aos doze anos foi obrigado a deixar de banhar-se nos rios Bujari e Curimataú para continuar os estudos em Natal. Morou com a tia Zilpe, depois na Casa do Estudante e em várias pensões. Como todo bom poeta era também um boêmio. Uma das principais características de Diógenes é a sua fidelidade e generosidade com os amigos. Nas amizades, ao contrário da física, sinais iguais se atraem. Cito entre os principais contemporâneos e amigos: Sanderson Negreiros, Ney Leandro de Castro, José Marcílio Furtado, José Augusto Delgado, Dailor Varela, Ubirajara Pinheiro, os saudosos Luís Carlos Guimarães, Newton Navarro, Hélio Vasconcelos, Danilo Bessa, Luís Rabelo, Zila Mamede e Berilo Wanderley.
Entre ser filósofo, diplomata ou professor de português, acabou optando pela Faculdade de Direito de Natal, exercendo paralelamente o cargo de adjunto de promotor. Teve entre os seus professores Paulo Pinheiro de Viveiros, João Vicente da Costa, Floriano Cavalcante, Manoel Varela de Albuquerque, Américo de Oliveira Costa, Véscio Barreto, Antonio Soares de Araújo Filho, Edgar Barbosa e Claudionor Telógio de Andrade, que, por ser muito rigoroso com os horários um aluno sugeriu trocar o seu nome para Claudionor Relógio de Andrade, pai do meu grande amigo Glênio Aquino de Andrade.
Seria enfadonho citar os diversos cargos ocupados por Diógenes, por isso citaremos apenas alguns: Secretário de Cultura da Prefeitura, de Educação do Estado, Presidente da Fundação José Augusto, Diretor da Faculdade de Direito da Ribeira, Reitor da UFRN.
Amigo e admirador de homens que mudaram a história do Rio Grande do Norte: Câmara Cascudo, Onofre Lopes, Dinarte Mariz, Djalma Marinho e Cortez Pereira, de quem foi advogado.
Escreveu o primeiro livro aos 31 anos, “Lua 4 vezes sol”, com prefácio de Câmara Cascudo, que afirmou: “É um livro diferente, ousado, disfônico, atordoador, perturbando o trânsito da nossa tranquilidade literária provinciana”. Especialista em biografias escreveu “Câmara Cascudo, um brasileiro feliz”; “O Magnífico, uma biografia de Onofre Lopes”; “O homem que pintava cavalos azuis”, biografia de Djalma Marinho; “Solidão, solidões – uma biografia de Dinarte Mariz” e ousou ao escrever “Natal – uma nova biografia”.  Compositor de várias músicas teve em Veríssimo de Melo um parceiro de música e de vida.
Vinte poemas do seu livro “Corpo breve” foram traduzidos para o francês; Respondeu com o “Livro das respostas” às perguntas surrealistas do “Libro de las preguntas” de Pablo Neruda; recebeu distinções literárias com os prêmios Câmara Cascudo e Otoniel Menezes; comprou um prédio na rua Chile, 63, onde nasceu o poeta Ferreira Itajubá e transformou num Espaço Cultural; adquiriu um terreno onde existe um centenária árvore de origem africana, hoje conhecida como “O baobá do poeta” que teria inspirado Saint-Exupéry para o seu “O pequeno príncipe”.
O que acabo de relatar é uma ínfima amostra do grande Diógenes da Cunha Lima, filho. Parabéns pelos 80 bem vividos anos, boas comemorações e vida longa! Hasta Martes!
Armando Negreiros – Médico e Escritor
As opiniões contidas nos artigos são de responsabilidade dos colaboradores
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