Eduardo Vilar
Excelentíssima Senhora Presidenta da Academia Cearamirinense de letras e Artes, Pedro Simões Neto, Joventina Simões Oliveira, Senhores Acadêmicos, Autoridades aqui presentes, caros amigos e familiares, meus senhores e minhas senhoras.
Inicialmente quero agradecer aos acadêmicos fundadores desta instituição, o Poeta Ciro José Tavares e a Poetisa Lucia Helena Pereira, a generosidade do irrecusável convite que recebi para preenchimento da vaga da Cadeira Nº 6 e, em seguida, pelo acolhimento com que minha candidatura foi referendada, em votação, pelos seus membros.
Senhores acadêmicos:
Vós me concedestes o privilégio de pertencer a esta academia e nela conviver com grandes nomes das letras e das artes.
Senhora Presidenta, Senhores Acadêmicos, amigos e amigas, antes, porém, de fazer alusão ao patrono da cadeira nº 6, o Dr. José Augusto Meira Dantas, gostaria de relembrar a minha primeira viaje que fiz de trem com meu pai, ainda menino, para Ceará Mirim. O trem partiu da antiga Estação Ferroviária na Ribeira, em direção ao bairro das Quintas e com baixa velocidade transpôs a Ponte de Ferro sobre o Rio Potengi, a emoção que tive durante a travessia foi radiante. A viagem continuou na direção a Ceará Mirim e, lembro-me bem da parada em Extremoz, para a compra do grude, tão famoso daquela época e da paisagem verde do vale. Descemos do trem e fomos para Timbó visitar Mucio Villar Ribeiro Dantas e sua família, éramos parentes. Fui muitas outras vezes com os primos para Timbó, andávamos de cavalo por todo aquele Vale Verde.
Para relembrar a família Villar de um passado recente, a primeira pessoa que menciono neste momento é o de José da Costa Villar, Tenente Coronel da Guarda Nacional, pai, de Heráclio de Araújo Villar que foi Magistrado, Politico e Senhor de Engenho. Minha mãe, Maria Álvares Villar nasceu em Ceará Mirim, justamente com seus sete irmãos, era neta de Heráclio, por conseguinte, sendo filho de Maria Villar, sou bisneto de Heráclio.
A cadeira nº 6 tem como Patrono José Augusto Meira Dantas que, nasceu em Ceará Mirim em 11 de dezembro de 1873 as margens do Rio Ceará-Mirim no Engenho Diamante e que há mais de duzentos anos pertencia a sua família. Descendia de duas grandes famílias rurais nordestinas: os Meira de Vasconcelos da Paraíba, pelo lado paterno; e os Ribeiro Dantas, do Rio Grande do Norte, pelo lado materno.
Augusto Meira como era mais conhecido fez o curso primário no Engenho Jeriçó sob orientação de seu pai e, posteriormente, formou-se na Faculdade de Direito em Recife em 1899, tendo sido laureado pela mesma escola.
Augusto Meira
Augusto Meira era professor, Jornalista, escritor e Advogado, exerceu inúmeros Cargos Públicos, como Delegado de Polícia e Promotor Público, além de vários mandatos de deputado Estadual, Deputado Federal e Senador da República.
Augusto Meira publicou muitas obras literárias entre as quais podemos destacar: Alciones; Falenas e Nenúfares; Secreto Esplendor; Caminho da Glória; Brasileis, epopéia nacional brasileira; Príncipe de Miller; Amazonas versus Pará; Ruy Barbosa e Rio Branco; Direito e Arbítrio; Selva Amazonas; No Centenário Ruy Barbosa, Joaquim Nabuco e Meira e muitas outras.
Augusto Meira era membro das Academias de Letras do Pará e do Rio Grande do Norte e do Instituto Histórico de São Paulo. Ele acompanhara todas as mudanças, todas as transformações, políticas sociais, filosóficas de sua época. Sua palavra ainda se fazia ler e ouvir através de jornais ou de tribunais.
Um livro de Augusto Meira que se tornou celebre foi Brasileis, epopéia nacional brasileira, cuja primeira edição data de 1927.
Leio neste momento fragmentos das primeiras estrofes do canto 1, conservando a ortografia original.
1
As armas cantarei, trophéos e heróes
Que, em rude esforço, e arrojo sobrehumano,
Dilataram, á luz de tantos soes,
Toda a gloria do génio lusitano!
Direi a guerra, o sol, os arrebóes,
As vastidões da selva e do oceano,
Direi na lyra de ouro, sobranceira,
Toda a vida da gente brasileira
2
Direi do sonho que se fez, um dia,
Realidade excelsa e vencedora,
Todo o vigor que. de emphase, irradia,
Espadanando em luz deslumbradora,
Desta terra distante que escondia ‘
A tréva e o céo, e a vaga aterradora,
Direi, da Pátria, os feitos e esplendores
Mais alto que Camões e os seus lavores
3
Excelsa cruz de estrellas, scintillante,
Que enches o céo de meu Brasil e, alçado,
Outróra, foste o guia, ao navegante,
Que, primeiro em suas praias foi lançado,
Sê, também, o meu guia flammejante,
Neste empenho de amor em que hei sonhado,
Cruz de estrellas, refugio redemptor,
Verte em minh’alma, teu feliz fulgor
4
Só teu aceno, ovante, me levara,
Nesta empresa tão rude e arrebatada,
Só tua luz alviçareira e clara
Me daria vigor para a avançada!
Salve, idylio de Deus que só, me ampara,
Em meio ás emoções desta jornada,
Derrama no meu canto, almo Cruzeiro,
Todo o esplendor do génio brasileiro
5
E vós. Auras formosas, que vogais,
Do Meio-Norte, á margem deleitosa,
Lembrae-vos. que sou vosso, inda que mais
Feliz eu fora, em plaga mais ditosa;
Dae-me o vig-or das lanças, dos metaes,
Candentes, na cadencia numerosa,
Dae-me o austero candor de Miguelinho,
Filhos, que somos, desse mesmo ninho.
Senhora Presidenta, Senhores Acadêmicos, amigos e amigas, me encontro extremamente feliz com a presença de todos vocês, mas, destaco com carinho a do meu filho Eduardo, da minha irmã Tania, Dal Santos e do meu sobrinho Mario.
Muito Obrigado
Eduardo Vilar – Prof. Doutor em Engenharia, Jornalista, Escritor, membro do IHGRN
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