O dólar fechou em alta nessa segunda-feira (11), em dia de baixa liquidez por causa do feriado de Nossa Senhora Aparecida na terça, mas com os investidores de olho nos próximos passos da política monetária norte-americana e nos temores globais de inflação.
A moeda norte-americana subiu 0,39%, vendida a R$ 5,5366. É a maior cotação desde o dia 20 de abril, quando havia fechado a R$ 5,5563.
Na sexta-feira, a moeda fechou com leve queda de 0,02%, cotada a R$ 5,5151. Na semana passada, a alta acumulada foi de 2,73%, maior avanço em sete dias desde a série finalizada em 9 de julho (+4,01%).
Com o resultado de hoje, o avanço no mês é de 1,67%, e no ano, de 6,74%.
Cenário
O dólar continua em patamares elevados, refletindo, entre outros fatores, a alta dos rendimentos dos títulos norte-americanos, disse à Reuters Luca Maia, estrategista de câmbio e juros para América Latina do BNP Paribas.
A taxa do Treasury de dez anos subiu recentemente para patamares superiores a 1,6%, principalmente por causa da sinalização recente do chair do Federal Reserve, Jerome Powell, de que a redução das compras mensais de títulos do banco central dos EUA começará em breve, o que é visto como impulso global para o dólar.
“Powell foi mais enfático de que o ‘tapering’ (redução de estímulos) pode começar neste ano, e esse comunicado começou a colocar uma pulga muito grande atrás da orelha dos mercados”, disse Maia.
Alimentando expectativas de que o Fed começará a reverter sua postura expansionista, os preços do petróleo alcançaram máximas em vários anos recentemente, desencadeando um temor global de inflação, disse Maia.
“Esse impacto inflacionário é sempre pior para mercados emergentes”, explicou, ressaltando que o peso mexicano e o peso chileno, dois pares importantes do real, também foram prejudicados por uma dinâmica global menos favorável nas últimas semanas. “A janela que a gente tinha para maior atratividade de ativos em emergentes vai se fechando.”
No Brasil, onde a alta dos preços também tem sido motivo de cautela, um dos principais motores para a depreciação recente do real foi a percepção de um Banco Central menos duro com a inflação do que o esperado. A taxa Selic está atualmente em 6,25% ao ano.
Enquanto isso, outras autoridades monetárias de países emergentes já começaram a elevar os custos dos empréstimos, ressaltou o estrategista, o que diminui a atratividade dos retornos oferecidos no Brasil quando comparados a outros lugares de risco semelhante.
Nesta segunda-feira, o mercado financeiro subiu de 8,51% para 8,59% as estimativas para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deste ano. Foi a 27ª alta seguida no indicador. Os economistas mantiveram a estimativa de crescimento do PIB em 5,04% para 2021. Para 2022, o mercado reduziu a previsão de alta de 1,57% para 1,54%.
O mercado financeiro também manteve em 8,25% ao ano a previsão para a Selic no fim de 2021. Com isso, os analistas seguem estimando alta dos juros neste ano.
Para o dólar, a projeção para o fim de 2021 subiu de R$ 5,20 para R$ 5,25. Para o fim de 2022, a estimativa permanece em R$ 5,25.
Fonte: G1