DOM PEDRO I NO DIA 7 DE SETEMBRO de 1822 –
O Padre Belchior de Pontes foi um sacerdote jesuíta, que teve participação especial na independência do Brasil.
Trabalhou durante 40 anos em várias regiões do país.
Acompanhava D. Pedro I, princípe regente, como conselheiro e documentou os detalhes do que aconteceu naquele 7 de setembro de 1822.
Se não fosse o padre Belchior, talvez Pedro I não proclamasse a independência.
Por justiça histórica, deve ser também mencionada a presença firme de uma mulher destemida, na construção da nossa independência.
Trata-se de dona Leopoldina, esposa de D. Pedro e a primeira imperatriz do Brasil, que apesar das relações conjugais estremecidas, sempre o aconselhava a opor-se aos portugueses.
Ela assinou o decreto de independência do Brasil em 2 de setembro de 1822, após receber uma carta de Portugal, exigindo que D. Pedro voltasse imediatamente para o Reino.
Na carta enviada a D. Pedro e recebida às margens do Ipiranga, declarou que era o momento de romper com Portugal.
Os brasileiros livres devem muito a dona Leopoldina
Dizem os relatos históricos, que ao cair da tarde do dia 7 de setembro, a comitiva aproximava-se do alto de colina próxima ao riacho do Ipiranga, rumo a São Paulo.
Á época burros e mulas eram o meio de transporte habitual para subir a Serra do Mar.
Sem aviso prévio chega a galope, vindo de São Paulo, o alferes Francisco de Castro Melo, trazendo-lhe cartas de sua esposa Leopoldina, de José Bonifácio; duas de Lisboa – uma de seu pai D. João VI e a outra com instrução das Cortes, exigindo o regresso imediato do príncipe, a prisão e processo de José Bonifácio, e a última de Chamberlain (cônsul britânico no Rio de Janeiro e amigo de confiança do príncipe D. Pedro).
Nas cartas estavam as informações de que haviam embarcado em Lisboa 7 100 soldados que, somados aos 600 que já tinham chegado à Bahia, tentariam atacar o Rio de Janeiro e esmagar os partidários da Independência.
Na carta de dona Leopoldina destacou-se a frase que dizia: “O pomo está maduro, colhe-o já, se não apodrece”. (pomo é fruta).
Esta frase significava o aviso de Leopoldina a Dom Pedro, que o movimento emancipatório brasileiro em relação a Portugal estava prestes a acontecer, e iria ser realizado com ou sem a presença do príncipe.
A carta do cônsul britânico no Rio de Janeiro, Henry Chamberlain, mostrava como a Inglaterra analisava a situação política em Portugal.
Segundo ele, já se falava em Lisboa afastar D. Pedro da condição de príncipe herdeiro como punição pelos seus repetidos atos de rebeldia contra as cortes constituintes.
Relata o padre Belchior, que D. Pedro, tremendo de raiva, toma os papéis das notícias, pisou-os e deixou-os na relva.
Depois, virou-se para o padre e disse: “E agora, padre Belchior? ”
O sacerdote respondeu prontamente: “Se Vossa Alteza não se faz rei do Brasil será prisioneiro das Cortes e, talvez, deserdado por elas. Não há outro caminho senão a independência e a separação”.
De repente, parou já no meio da estrada, dizendo: “Padre Belchior, eles o querem, eles terão a sua conta. As cortes me perseguem, chamam-me com desprezo de rapazinho e de brasileiro. Pois verão agora quanto vale o rapazinho. De hoje em diante estão quebradas as nossas relações. Nada mais quero com o governo português e proclamo o Brasil, para sempre, separado de Portugal”.
Em seguida, arrancou do chapéu a fita azul e branca, símbolos da Coroa portuguesa, jogando-as ao chão.
Toda a sua guarda retirou dos braços o mesmo distintivo e deu o mesmo destino.
Gritou D. Pedro I: “É tempo. Independência ou morte! Estamos separados de Portugal”.
Acompanhado pela guarda de honra, D. Pedro chicoteou a sua “mula” e percorreu os últimos cinco quilômetros para chegar a São Paulo.
Já com o sol se pondo, entrou em São Paulo saudado pelos sinos das igrejas e por escassos moradores, que se aglomeravam nas ruas de terra batida.
A partir do dia seguinte. o olhar era voltado para o mar, de onde poderiam surgir navios trazendo tropas portuguesas, como as que desde fevereiro tentavam submeter a província da Bahia.
Foram tempos de incertezas, afinal sem derramamento de sangue.
O monarca deixou São Paulo na madrugada do dia 9, rumo ao Rio.
Em 1º de dezembro, menos de três meses depois, foi coroado imperador do Brasil.
Hoje, comemoramos 201 anos deste acontecimento histórico.
Salve o 7 de setembro!
Ney Lopes – jornalista, advogado, ex-deputado federal; ex-presidente do Parlamento Latino-Americano, procurador federal, nl@neylopes.com.br
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