Esta semana representantes do comercio do Rio Grande do Norte estiveram no gabinete do governador, apresentando uma extensa relação de reinvindicações e propostas para o nosso executivo estadual. Todos os tópicos elencados no documento foram fruto de consultas às bases dos vários setores ligados à Fecomercio RN: o Comercio, os Bens e Serviços e ainda o Turismo do RN, o novo segmento que a entidade passou a congregar há algum tempo. E todos eles demonstraram ser extremamente coerentes com as expectativas que a população tem sobre a atuação do novo governo, já a partir deste primeiro trimestre.
Além dos vários itens abordados durante o encontro, como a questão da segurança pública, dos restos a pagar aos pequenos e médios empresários, da pesada carga tributária e da necessidade de um canal de comunicação entre governo e empresários, a questão do turismo me tocou de perto e chamou bastante a minha atenção. Até porque, como economista também, sei da sua importância para o nosso desenvolvimento. E as sugestões que foram dadas ao governo mostraram que a entidade está realmente antenada com a importância desse setor que, a meu ver, é o grande indutor da economia do nosso estado.
Nós tivemos no passado uma enorme ascensão dessa atividade, fruto do trabalho de inúmeros profissionais e gestores, interessados em alavancar o turismo potiguar e tornar o nosso destino conhecido no Brasil e no exterior. Esse trabalho de muitos anos culminou entre 2004 a 2006 quando esse espaço de tempo se transformou no período áureo da atividade entre nós. Quando Natal superou destinos como Fortaleza e Salvador, tornando-se referência e preferência entre os turistas nacionais e internacionais. Com 23 vôos internacionais e inúmeros outros domésticos, vindos principalmente do sul do país. Pena que a partir de 2007 o turismo passou a sofrer uma queda significativa, chegando no ano passado a apresentar resultados inquietantes.
A preocupação que hoje finalmente se demonstra com o nosso turismo é portanto muito relevante. Afinal, ao seu redor giram aproximadamente 52 outros segmentos profissionais, que usufruem direta ou indiretamente dos seus resultados, gerando novos focos de crescimento e de oportunidades. E isso para milhares de pessoas, em função da sua enorme capilaridade. Não é à toa que se pode contabilizar muito mais de 150 mil trabalhadores no RN atuando nessa atividade. E em nosso estado, carente de grandes indústrias ou de outras alternativas econômicas de peso, otimizar as nossas belezas naturais e a hospitalidade do nosso povo tornou-se algo imensamente rentável.
O certo é que não há muito mistério para se fazer o turismo voltar a ser a grande atividade econômica do Rio Grande do Norte. O que se torna imprescindível é o Estado entender e assumir o real papel de indutor do seu crescimento. A partir da adoção de uma sólida politica de incentivos, com a redução do imposto sobre o QAV, por exemplo, como também o apoio imprescindível no que tange principalmente a divulgação maciça do nosso destino, além fronteiras. Afinal, temos que estar presentes nas feiras de turismo aqui e em outros países. Temos que mostrar aos outros os nossos recursos de sol e mar, tanto quanto a nossa vasta riqueza cultural. Da mesma forma que temos que chegar perto das empresas operadoras de vôos, apoiando as suas iniciativas em busca de novos países emissores de turistas.
Se o Governo fizer esse seu dever de casa, a atividade vai responder com certeza. Os ajustes eventuais poderão ocorrer através de fóruns próprios já existentes, ou outros que porventura venham a ser criados com essa finalidade. Porque é necessário que haja um grande entrosamento entre a iniciativa privada e o ente público. Trabalhando juntos e em harmonia, os resultados certamente chegarão rapidamente. E todos irão ganhar com isso. E nessa época de grandes preocupações com a economia do país como um todo, é necessário para todos nós que o nosso turismo volte a ser pujante.
Nelson Freire – Economista, Jornalista e Bacharel em Direito
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