É SOBRE INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL –
Um amigo escritor e fotógrafo estava interagindo num dos grupos literários que participo, pelo WhatsApp, que consistia numa brincadeira com o chat GPT – inteligência artificial, ou IA.
Depois de nos apresentar algumas poesias escritas pela IA, fui tomada pela curiosidade em saber como seria construída uma crônica, especificamente uma que levasse o título de uma das minhas já publicadas crônicas, sobre uma topada no meio da rua. De pronto, o meu amigo literato já fez o pedido a IA:
Escreva uma crônica no estilo similar ao da cronista Flávia Arruda, com uma lauda sobre alguém que, inadvertidamente, dá uma topada no meio de uma rua qualquer. O texto não deve explicitar o nome da referida cronista, apenas utilizar seu estilo de escrita para se parecer com os textos escritos por ela.
“Era uma tarde de verão, daquelas que fazem o sol brincar de amarelinha no chão quente das ruas da cidade. O ar carregado de calor e poesia convidava os passantes a mergulhar nos detalhes e desvendar as pequenas histórias que se escondiam por trás de cada sorriso, cada olhar, cada gesto.
Em meio à multidão, um homem caminhava apressado, pensativo e alheio ao mundo que o cercava. Suas preocupações pareciam mais importantes do que o balé de cores, sons e emoções que a vida lhe apresentava naquele instante. Os passos rápidos e decididos sinalizavam sua urgência em chegar a algum lugar, enquanto a mente vagava por labirintos de pensamentos e dilemas.
E, como costuma acontecer em momentos de distração, o homem, inadvertidamente, deu uma topada em um pedaço de calçada desnivelado. Foi como se o tempo parasse e o mundo inteiro se voltasse para aquela cena: o homem, com o rosto contorcido de dor, equilibrando-se em um pé só, enquanto maldizia a sorte e a pedra desalinhada que o fizera tropeçar.
A dor, porém, cedeu lugar a um sentimento inesperado. Ao redor do homem, as pessoas que antes passavam apressadas e indiferentes começaram a demonstrar preocupação e solidariedade. Um senhor de idade se aproximou e ofereceu o braço para apoiar, enquanto uma mãe que passava com o carrinho de bebê perguntava se estava tudo bem.
Aos poucos, o homem foi se dando conta de que aquela topada, aparentemente banal, tinha o poder de transformar o caos cotidiano em um instante de comunhão, empatia e amor. Aquele simples gesto de solidariedade e preocupação por parte dos desconhecidos o fez refletir sobre a importância de prestar atenção ao que realmente importa na vida: as conexões humanas, os afetos, os encontros e desencontros.
Ao final da tarde, enquanto o sol se despedia com um espetáculo de cores e luzes, o homem, com o coração mais leve e o pé ainda um pouco dolorido, prometeu a si mesmo que jamais se esqueceria da lição aprendida naquele dia. A vida é feita de pequenos momentos, de detalhes que, muitas vezes, passam despercebidos, mas que são capazes de nos fazer parar, refletir e mudar nossa perspectiva.
E assim, naquela rua qualquer, a topada serviu como um lembrete de que, por trás de cada pedra no caminho, há uma história, uma emoção, um aprendizado a ser compartilhado e vivido. Afinal, é nos tropeços e nas quedas que aprendemos a levantar, a seguir em frente e a encontrar beleza e significado no cotidiano.”
Confesso que fiquei assustada enquanto lia a crônica; a conjuntura do texto tem, de fato, algumas semelhanças com a minha forma de construir um texto, tem uma história, uma mensagem, reflexão, apesar de não ter profundidade. No mais, consegue atingir interesses de pessoas que querem textos sem esforços.
Gente, tô passada! Precisamos pensar sobre como isso pode nos afetar, enquanto sociedade, cultura, arte, educação, conhecimento, aprendizado, sem falar nas mudanças nas questões éticas e morais, nas relações interpessoais e no nosso próprio comportamento interno. Eita, que o buraco é mais embaixo.
É fato que a inteligência artificial, ou IA, é um tema que tem ganhado cada vez mais destaque na sociedade atual, seja nos noticiários, nas redes sociais ou nos filmes de ficção científica. A IA está presente em nossas vidas de diversas maneiras.
A IA é um campo da ciência da computação que busca criar máquinas capazes de realizar tarefas que, até então, só poderiam ser realizadas por seres humanos. Isso inclui desde tarefas simples, como reconhecimento de voz e imagem, tarefas mais complexas, como dirigir até um carro autônomo ou diagnóstico de doenças (fico toda arrepiada só em imaginar vivermos como The Matrix, dominados pelas máquinas).
Por um lado, não podemos negar que, se bem utilizada, a IA pode aumentar a eficiência e produtividade em diversos setores, permitindo que humanos se concentrem em tarefas mais criativas e expressivas. Por outro lado, a IA pode substituir empregos que antes eram realizados por humanos, desemprego e desigualdade social, ou seja, me parece ser uma faca de dois gumes.
Além disso, a IA levanta questões éticas e morais sobre o uso de tecnologias que podem tomar decisões sem a intervenção humana, o que é bastante preocupante. Por exemplo, se um carro autônomo precisa decidir entre salvar a vida do motorista ou a dos pedestres, qual seria a escolha correta? Tudo bem que nem sempre nós, humanos, conseguimos fazer escolhas corretas, no entanto, temos algo que pulsa e nos faz agir de maneira a nos resguardamos de alguma forma.
Com tantas conjecturas que fazemos acerca do tema, é importante que a sociedade como um todo discuta e regule o uso da IA. A tecnologia é uma ferramenta poderosa, mas também pode ter efeitos negativos se não for usada de forma responsável e consciente.
Em suma, a inteligência artificial é um tema complexo e que pode gerar muitas consequências para a sociedade. Cabe a nós, como sociedade, entendermos essas consequências e garantirmos que a IA seja usada de forma segura, justa e responsável.
Mas, que é massa ter alguém que faça nosso trabalho sem reclamar, isso é, não vou mentir!
Flávia Arruda – Pedagoga e escritora, autora do livro As esquinas da minha existência, [email protected]