EDUCAR COM O PEQUENO PRÍNCIPE –
Os pioneiros da aviação, certamente, sentiam a solidão das alturas. Muitos voavam, apenas, com um companheiro mecânico.
Solitário, Saint Exupéry sentia a necessidade de se comunicar, e escrever era a sua maior vocação. A sua fábula “O Pequeno Príncipe”, publicada em mais de cem idiomas, é obra-prima lida por gente de todas as idades, porque toda criança pratica atos de adultos e em todo adulto resta um pouco de criança. É uma lição de vida, filosofia do cotidiano.
O leitor, naturalmente, incorpora sentimentos e valores que ajudam a compor a sua personalidade. Entre os valores que se pode concluir da história está o sentido da responsabilidade, a humana necessidade de fantasiar, com viagem e ilusão, pois é de todo ser humano o pensamento lúdico.
A cada personagem o autor integra seu sentimento ético, o embasamento moral. Ensina que o homem não pode viver só. É necessário fazer laços, haja vista todos carecermos de amigos. As diferenças existem, mas devem ser usadas para favorecer os enlaces. Cada ser é irrepetível, único no mundo. Os amigos são também o que somos e com eles melhoramos.
A raposa explica ao principezinho que a boa expectativa faz alguém feliz.
Saint-Ex não admirava o comportamento das pessoas grandes. A ficção elaborada no exílio de Nova York começa com uma pane do seu avião. Mais ainda, no deserto. Até um deserto tem beleza. O autor relembra a sua “habilidade” infantil, mas foi desencorajado por pessoas maiores, que não conseguiram ver um elefante engolido por uma jiboia. O desenho do carneirinho estaria dentro de uma caixa furada para que ele pudesse respirar.
A solidão do rei, pelo principezinho visitado, é marcada pela busca de companhia, sobre quem reinar. Reinaria também sobre o único habitante do seu reino, um velho rato?
O acendedor de lampiões não poderia dormir porque havia de acender luzes para alguém. O bêbado, envergonhado pelo vício, bebia para esquecer e esquecia porque bebia. O astrônomo sabia ser proprietário das estrelas, contava as suas riquezas, considerando-se dono dos corpos celestes brilhantes.
Depois da longa viagem, o Príncipe chega a Terra, quase desabitada de verdadeiros homens. Poucos foram vislumbrados numa caravana.
O viajante solitário sentia saudades de sua rosa, uma flor singular entre tantas no mundo. Lembrava-se dos baobás, que eram um perigo para seu pequeno planeta, cheio de vulcões.
O Pequeno Príncipe, vencido pelo tempo, é imprescindível a sua morte, mas deixa ao aviador uma esperança. Ela é essencial à vida. O piloto, como todos os homens, precisa ter a sua estrela. Escolha no céu o astro onde estará brilhando um ser amado, entre eles, o Pequeno Príncipe.
Diogenes da Cunha Lima – Advogado, Poeta e Presidente da Academia de Letras do RN