A Polícia Militar confirmou que 800 militares da reserva se apresentaram para reforçar a segurança após uma convocação do governo do estado devido à série de ataques criminosos no Ceará. O efetivo participou de uma reunião para traçar estratégias no Ginásio Paulo Sarasate, no Centro de Fortaleza, e 150 agentes da segurança pública iniciaram o trabalho nas ruas da capital a partir desta sexta-feira (18).
A convocação foi uma das medidas adotadas pela Secretaria da Segurança Pública para tentar conter a onda de ações criminosas ocorridas no Ceará. Desde o dia 2 de janeiro, foram confirmados 210 ataques em 46 dos 184 municípios cearenses. De acordo com a Secretaria da Segurança Pública, 383 pessoas foram capturadas por envolvimento nos crimes.
O retorno ao serviço foi o momento para reencontrar antigos antigos colegas da corporação e também fazer um balanço do aumento da violência no estado. O sargento Carlos Wilson Nascimento Lionel, 53 anos, deve voltar ao serviço após ficar cerca de 5 anos na reserva da PM. O agente conta que o cenário atual mudou e que a criminalidade aumentou no Ceará nos últimos anos.
“Mudou muito, a população cresceu e tudo é proporcional. Cresceu a quantidade de pessoas, cresceu também a quantidade de crimes. E, devido essas facções e aumento dos entorpecentes, veio a acrescentar ainda mais na criminalidade. Quando nós entramos, isso existia muito pouco”, lembrou.
O sargento, que passou 30 anos na Polícia Militar, afirmou que pretende retornar ao serviço para o policiamento ostensivo para contribuir com a segurança da população cearense. Apesar da experiência, ele comenta que o físico pode ser uma das dificuldades dos PMs nesse retorno.
O sargento Nilton Uchoa da Costa, de 59 anos, estava há 4 anos na reserva da PM. Após trabalhar 32 anos na ativa, ele afirma que é um “retorno necessário devido ao baixo efetivo”. O policial acredita que, diante do cenário, é necessário voltar e ajudar os “companheiros de farda”.
Já o 1º sargento da Polícia Militar Vilmar dos Navegantes Bastos diz que estava há três anos na reserva, após passar 35 anos no policiamento ostensivo das ruas. Ele encara o retorno como uma “oportunidade”. “É bom reconhecer os amigos novamente, estou gostando de voltar ao serviço”.
Em meio aos crimes, o governo convocou 1.201 policiais e bombeiros militares que estavam na reserva para voltar às ruas. O prazo estipulado para apresentação era até quarta-feira (16), mas foi prorrogado até esta sexta. De acordo com o Relações Públicas da PM, coronel Jano Marinho, a prorrogação ocorreu devido à dificuldade em entrar em contato com todos agentes, principalmente com quem mora no interior do Ceará.
A Polícia Militar informou que a apresentação é obrigatória para os PMs que estão na reserva há no máximo cinco anos e que moram no Ceará. Aqueles que não residem no Ceará não estão obrigados a se apresentar.
Quem não se apresentar pode responder administrativamente por transgressão disciplinar. E quem não puder mais trabalhar precisa apresentar um atestado médico e passar por uma avaliação na PM.
A convocação foi possível após a aprovação de uma lei na Assembleia Legislativa, em sessão extraordinária neste sábado (12), durante o recesso parlamentar. Os policiais da reserva que voltarem a trabalhar irão receber uma gratificação extra, que pode chegar a R$ 900, de acordo com a patente.
Fonte: G1
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