ELEIÇÃO PRESIDENCIAL INUSITADA, COMO NUNCA SE VIU NO BRASIL –

A reta final da campanha polarizada entre o antipetismo e o bolsonarismo vem dando azo para que muitos façam análises, as mais desencontradas e inesperadas possíveis. No meio desse ringue cívico (ou quase), restaram nas cordas três personagens da política brasileira: Alckmin, Ciro e Marina Silva, esta ex-seringalista ao lado de Chico Mendes, nos garimpos acrianos. Do meio de seus eleitores, deve estar a definição do pleito.

A imprensa deve ser livre e está na berlinda agora. O eleitor polarizado critica manchetes contundentes que afetam cada candidato, e logo concluem que determinada mídia “se vendeu” para o outro lado. É a pura emotividade que beira a extremos de intolerância.

Na prática até então ocorreram atos graves contra candidatos e prepostos, como se viu no ataque anônimo a uma caravana de Lula, anteriormente, no Sul; e o ignominioso esfaqueamento perpetrado por um “autodeclarado militante de esquerda” contra o candidato do PSL. No dia da votação, um capoeirista baiano, simpático a Haddad, acabou morto após uma altercação política.

Mesmo no noticiário econômico, vê-se a marca da divergência. O Dólar despencou a R$ 3,71, um dia após o resultado do 1º turno. Na Folha de São Paulo, viu-se a opinião que o mercado financeiro reagiu de forma positiva diante dos resultados dessa fase, “porque os investidores consideram que Bolsonaro pode fazer um governo mais comprometido com o equilíbrio dos gastos públicos”. Já, no Globo News, a âncora Leilane Neubarth fez comentário improvisado que a melhora dos índices de mercado se dava “pela aceitação favorável da equipe econômica do governo Temer”.

A mídia segue implicando com o general Mourão, candidato a vice de Bolsonaro, frases e palavras são usadas para imediata desaprovação, com base em alguns temas bem polêmicos para a ocasião eleitoral, como mexer no 13º salário, opiniões ambíguas sobre racismo, entre outras. Declarações tanto taxadas de fogo-amigo quanto falta de percepção ou astúcia política, como é costumeira na cena parlamentar brasileira. Já os bolsonaristas chamam essa implicação vinda de certa ala da mídia, como censura pública a um militar que aceitou o jogo democrático, e não estaria sendo reconhecido o perfil cívico do general.

O diretor-presidente da Data Folha, no dia do pleito, pela Globo News, afirmou que Bolsonaro estaria a um passo de ser eleito, mas que haveria o cumprimento do calendário até o dia 28. Ao que transparece, mais movimentos episódicos nesse xadrez político extremado ainda poderão acontecer. Rezemos para que estes sejam pacíficos (e cívicos) e apenas atos e confrontos circunscritos a princípios de comportamento, como tal contemplaremos nestes próximos dias.

 

Luiz SerraProfessor e escritor
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