A Pesquisa Anual do Comércio (PAC) trouxe os dados consolidados do comércio em 2017. Naquele ano, havia no país pouco mais de 1,5 milhão de empresas do ramo comerciário, que empregavam 10,2 milhões de trabalhadores. Em 2014, eram cerca de 1,6 milhão de empresas e mais de 10,6 milhões de ocupados no setor – uma queda, respectivamente, de 5% e 3,9% no período.
Com o fechamento de empresas, também diminuiu o número de lojas, expresso na pesquisa como “unidades locais com receita de revenda”. Nos quatro anos de crise, 61,7 mil lojas fecharam as portas no país, o que corresponde a uma queda de 3,9% no período.
A receita operacional líquida do comércio também encolheu com a crise. Ela atingiu a cifra de R$ 3,4 trilhões em 2017, valor este, segundo o IBGE, 5,2% menor que o alcançado em 2014.
De acordo com o técnico da Coordenação de Serviços e Comércio do IBGE, Jordano Rocha, somente o setor varejista registrou perda acumulada da receita no período, de 3%. O atacado, por sua vez, acumulou alta de 19,7%, e o de veículos, 8,9%.
Ao analisar os dados do comércio entre 2008 e 2017, o IBGE identificou uma mudança na estrutura do setor, com alteração da participação das três principais atividades comerciárias no país.
No início da década, segundo o IBGE, o atacado respondia por 44,4% do comércio no Brasil. Ao final, o varejo assumiu a liderança, com 45,5%.
“Esse aumento no varejo veio decorrente de uma queda na participação de veículos, que passou de 16% [em 2008] para 9,9% [em 2017]”, enfatizou Rocha.
O pesquisador pontuou ainda que a expansão do comércio varejista foi puxada pelo segmento de supermercados e hipermercados, cuja receita operacional líquida aumentou 2,7 pontos percentuais (p.p.) no período. Esse desempenho se deve, sobretudo, ao varejo de produtos alimentícios, que registou aumento de 2,6 p.p. em sua receita ao longo dos dez anos.
Como destaque negativo, Jordano Rocha apontou o comércio de peças de veículos autores, que registou um recuo de 5,5 p.p. da receita operacional líquida.
A PAC mostrou que também houve mudança na destruição regional do setor, com perda de participação da Região Sudeste.
Segundo o levantamento, em 2008 o Sudeste respondia por 53,1% da receita bruta de revenda [receita auferida com a venda de mercadorias antes de serem descontados os impostos, deduções e similares] do comércio nacional. Em 2017, esse percentual caiu para 50,5% – uma perda de 2,6 p.p.
O Sul também registrou perda de participação, passando de 20,3% para 20% (-0,3 p.p.). As demais regiões, porém, tiveram aumento dessa receita: o Nordeste, de 14,3% para 15% (0,7 p.p.); o Centro Oeste de 8,8% para 10,1% (1,3 p.p.), e o Norte de 3,5% para 3,6% (0,1 p.p.).