EM BUSCA DELA…-
E lá estava eu, em meus devaneios, pensando com meus botões: fique tranquila, não precisa se apavorar, já passamos dessa idade. Agora os tempos são outros, as prioridades são outras.
Por agora, nessa etapa da vida, só queremos boas companhias, bons papos… Ah! Não podem faltar bom humor e momentos que valham a pena serem vividos.
Já deixamos de ter certas ilusões, isso é fato. Porém, não sei, ao certo, se o mundo está mais generoso ou se somos nós que estamos aprendendo a fazer novas e melhores escolhas. Acho que, quando permitimos que ELA nos faça companhia, nos nossos momentos de introspecção, conseguimos dá esse novo e gostoso viés sobre as questões da vida. Assim, deixá-la mais leve.
Ainda lá nas divagações, continuo: Não se preocupe, não vamos casar, ter filhos e construir bens… Esse era um projeto de vida de quando éramos jovens e cheios de ilusões. Até tivemos êxito, apesar DELA nos mostrar que nem tudo saiu do jeito que havíamos planejado, agora entendemos que as frustrações são os fatos reais das expectativas, então, que a distração nos traga as surpresas da vida.
Agora, eu só quero um papo inteligente, uma cerveja gelada, um som agradável ao fundo e algumas noites de romances inconfessáveis, recheadas de paixão e desejos.
Nesse meio tempo de vida, a gente vai aprendendo a selecionar quem realmente vale à pena partilhar de nossa intimidade. E acho que eu sou uma boa escolha, modéstia parte. Afinal, não temos mais idade para perder tempo, ou melhor, de não saber usá-lo de uma forma boa e proveitosa, o tempo é um bem precioso que necessita de cuidado, zelo e muito respeito.
Em busca DELA, nessa jornada por caminhos tortuosos, e também prazerosos, é possível deixar à margem certos preconceitos, bobas expectativas e levar conosco, as amizades, as viagens, os livros, os romances… e nunca esquecer que, a cada minuto, a vida muda e o tempo passa… e ainda assim, estamos em busca DELA.
E nesse processo, da busca por ELA, nos tornamos mais seguros e independentes, entendendo que humildade, resiliência e aceitação nos dá suporte para sair do olho do furacão. ELA tem nos mostrado que estamos por um fio, numa “peinha” de nada. Só um sopro nos mantém ainda aqui, então, vamos lá, buscar NELA a intimidade e leveza de sabermos aproveitar o melhor do que nos resta.
Às vezes, cair nas profundezas de si, sem se dar conta que o mergulho pode ser o fim, é algo evitável. É preciso cuidado para não afundar nas próprias mazelas, e, por isso, a busca incansável por ELA… nos alfarrábios da vida.
É uma pena que, quando estivermos para nos apossarmos DELA, já vai estar quase na hora…
Ah, essa danada MATURIDADE, caminha a passos de tartaruga.
Flávia Arruda – Pedagoga e escritora, autora do livro “As esquinas da minha existência”, [email protected]