EMBRULHOS DE PRESENTES –
E assim se passaram alguns dias… Preferi não os contar. Deixei que cada um deles fossem apenas dias, com seus imprevistos e rotinas, com suas surpresas e apatias.
Preferi perder a noção do tempo e achar que o ontem está mais próximo de mim agora. Que o amanhã é o que me distancia do ontem. Assim, estar no presente me torna um ser privilegiado por ter lembranças de um passado com desejos futuros.
Se eu me arrependo de algo do passado? Não sei se arrependimento seria a palavra mais sensata para definir a vontade de voltar algumas folhas do calendário e fazer algumas impávidas modificações, o que me leva a pensar
que algumas dessas mudanças seriam, indubitavelmente, a mola propulsora dos desvios de saltos e tombos que a vida me ofertou.
Por outro lado, tais mudanças poderiam ser vistas como a grande vilã, isto, por muitas vezes insistir em me empurrar penhasco a baixo, sem direito a cama elástica, fazendo-me sentir o frio percorrer todo o corpo, até me esborrachar na dureza da vida. Mas, como toda mola que se preze, a guinada sempre é maior que o tombo.
Ainda pensando teoricamente, se é algo bom ou ruim, são dois pesos que terão sempre duas medidas, comparativamente desiguais e com resultados extremos.
Daí, depois de muitas conjeturas, teorias infundadas e ideias desapercebidas, penso que são, as modificações, necessárias e pertinentes, que solidificam as massas corporais e intelectuais em prol de um ser melhor… eu penso, mas, nada sei.
Assim eu tenho insistido: o que pode me levar a pensar o contrário do contrário e contraditório? Bom, vamos só pensar, sem se preocupar com o amanhã, pensar que é no agora que embrulhamos nosso passado, com papeis de presente, para mudar nosso futuro.
Flávia Arruda – Pedagoga e escritora, autora do livro As esquinas da minha existência, [email protected]