Valnei Beltrame, de 57 anos, foi diagnosticado com Covid-19 e aguarda exame para ter alta de hospital em Santa Maria — Foto: Arquivo Pessoal
Valnei Beltrame, de 57 anos, foi diagnosticado com Covid-19 e aguarda exame para ter alta de hospital em Santa Maria — Foto: Arquivo Pessoal

Um vídeo de um empresário recomendando que comerciantes não abram as portas na próxima semana, em Santa Maria, Região Central do Rio Grande do Sul, circulou na internet durante todo o fim de semana. Diagnosticado há cerca de 10 dias com Covid-19, Valnei Beltrame, de 57 anos, faz o alerta ainda do quarto do hospital.

“Estou virando o jogo, mas peço a todos os amigos proprietários de lojas: não voltem a trabalhar nesta semana. Prorroguem para o dia 6, para não se arrependerem depois.”

Beltrame conta que, nos últimos três dias, apresenta uma melhora contínua. Embora ainda durma com auxílio do respirador, já está com 95% de oxigênio no sangue — sendo que a saturação do pulmão chegou a cair a 88% — e não apresenta os sintomas que o fizeram internar no hospital no domingo passado (22).

“Na quarta (18) passei muito mal. Febre acima de 40ºC, falta de ar, o pulmão não estava funcionando. Foi bem complicado”, falou, por telefone ao portal G1.

Ele desconfia que possa ter contraído o coronavírus no Grenal da Libertadores da América, no dia 12 de março, pois esteve com os dirigentes gremistas testados positivamente para coronavírus. O primeiro sintoma, entretanto, só foi aparecer na semana seguinte. Começou com uma febre de 38ºC a 39ºC, mas avançou com severidade, o que obrigou a internação.

Até o diagnóstico positivo para Covid-19, ele afirma que não ficava doente há bastante tempo.

“Não tenho nada. Pedalo 40 a 50 quilômetros, jogo futebol nos fins de semana. Tenho 57 anos, tem que ter alguns cuidados. Tomo remédio para pressão. Mas não sinto nada. Não entrava no hospital há muitos anos”, afirma.

Dono de lojas de material de construção, Beltrame diz que entende a necessidade de empresários em retomar o trabalho. Porém, alerta que as consequências de uma reabertura precoce do comércio sejam ainda piores.

“Tenho lido, e meus três médicos falam há mais de 15 dias, que o pico [da Covid-19 no Brasil] será nesta semana que entra. O ponto-chave em que a gente pode diminuir o impacto do vírus na sociedade. E vejo uma reação contrária dos meus colegas. Entendo, todos têm contas para pagar, e não são poucas! Mas como ele vai apertar a mão do colaborador na segunda e, na quarta, internar no hospital?”, questiona.

Ele deixa uma sugestão: mais uma semana de isolamento social total e retomada gradual, com metade do grupo, na semana seguinte.

Algumas cidades do Rio Grande do Sul flexibilizaram os decretos municipais e permitiram a abertura do comércio a partir da próxima semana, mesmo que a Organização Mundial da Saúde recomende o contrário. O governador Eduardo Leite voltou a afirmar que os municípios devem seguir as orientações estaduais de manutenção do isolamento.

A Federação das Associações de Municípios (Famurs) orienta que as prefeituras mantenham a quarentena até a flexibilização do governo do estado.

Fonte: G1

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