DALTON MELO DE ANDRADE

             O email de antigamente. Todas as pessoas, jurídicas ou físicas, podiam ter o seu endereço telegráfico registrado no Correio. Não sei se ainda existe isso. A da firma de meu pai, que foi aberta em 1932 – e ainda hoje funciona – tinha como endereço o meu nome. E o endereço, como o email hoje, era internacional.

            Telegrama era caro. Você pagava por palavra e, quanto mais breve e objetivo, menos você gastava. O registro do endereço lhe garantia usar apenas um nome, em vez de nome, rua, número, cidade, estado e país. Daí veio essa história de linguagem telegráfica, ou seja, curta, objetiva, direta. Nada de pontuações, adjetivos e advérbios.

            Comecei a trabalhar na nossa firma ainda aos nove ou dez anos. Quando saía do colégio, o Pedro Segundo, na Ribeira e perto do escritório, ia para lá e a minha obrigação inicial era ir ao Correio. Também havia o registro de caixa postal; sua correspondência era depositada nessa caixa, e você não dependia do carteiro. Pegava suas cartas a qualquer hora do dia. Também ia passar telegramas, ou seja, enviar os telegramas que por acaso existissem. Os que chegavam, o correio entregava imediatamente. Até que funcionava. Às vezes, eram demorados, especialmente telegramas internacionais.

            Surgiu então uma empresa inglesa, a Western Cable & Telegraph, que era usada quando havia pressa, especialmente para telegramas internacionais. A entrega era imediata. Quando havia necessidade, embora mais cara, também era usada para telegramas dentro do Brasil. Dependendo de seu contrato, mandavam estafetas buscar os telegramas à transmitir em sua empresa. Ainda por cima, quando o telegrama era urgente, lhe telefonavam o texto e o entregavam logo em seguida. Funcionava, e como.

            Com as melhorias nas comunicações, primeiro com o telefone, agora com os emails, os telegramas perderam sua utilidade. Hoje, ainda existem, e de vez em quando eu uso, para mensagens protocolares, como parabéns em aniversários e casamentos. Como as próprias cartas, que praticamente desapareceram. Hoje, pelo correio, só contas para pagar e, mais das vezes, chegam atrasadas e com vencimento ultrapassado. Eu mesmo, que cansei de escrever cartas no tempo que trabalhava com meu pai – cuja firma começou como um escritório de representações, onde a “alma do negócio” é a correspondência – , anos fazem que não escrevo uma carta; nem vou ao Correio. Uso email para tudo, o tempo todo.

            Como radioamador, há quase sessenta anos, acompanhei a evolução das comunicações por aqui. Conhecendo bem o assunto, utilizando os novos meios assim que surgiam, ainda me surpreendo com as novidades. E as uso todas assim surge a oportunidade.

Dalton Mello de Andrade – Ex- Secretario de Educação do RN e Pro Reitor da UFRN

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