ENQUANTO ISSO… –
Enquanto esperamos que a vida volte a nos permitir reencontros, abraços, reuniões de trabalho, almoço de domingo, happy hour com os amigos, ir ao mercado comprar frutas, sentir o calor das pessoas, caminhar na praia, ou na praça, ter a opção de sair de casa e apenas perambular, sem medos e sem temores… Enquanto isso a vida tem o tempero que a gente der. Temos opções: Podemos ser vítima das escolhas impostas ou encarar da melhor forma o que não pode ser mudado, por hora.
Podemos lutar de todas e de muitas maneiras, podemos lutar simplesmente tendo paciência, esperando a tempestade dar trégua, pois a vida é rara e cabe a nós darmos sentido à existência humana, acreditar que viver é bem mais que o fato de existirmos. Isso nos permite buscar doces para esses dias amargos e cheios de incertezas.
E se tentarmos dar o ponto certo nos sabores que nos apetecem? Não é tarefa fácil, mas não é a primeira vez que damos a volta por cima, que superamos. Isso tudo, devemos agradecer a uma força que vai além de nossas compreensões, ao poder que temos de nos adaptarmos às situações mais improváveis. Sim, somos seres adaptáveis, que, apesar de termos relativamente uma vida incerta e efêmera, isso nunca foi motivo para desistirmos, sempre nos entregamos a ela, de corpo e alma, com todos os nossos sentidos e sentimentos, sempre estivemos para as suas adversidades e para as suas intempéries. Juntos (agora isolados) sempre resistimos e sempre sobrevivemos. Essa é a nossa força.
Isso aqui é tão passageiro, nada levamos. E agora não parece que não é apenas uma frase de efeito, agora não nos parece ser mais um incentivo vago sobre a reflexão do que estamos fazendo aqui e o que queremos para nós e os nossos. Isso se chama humanidade. É o que somos: solidários, autoconfiantes, corajosos, generosos, altruístas e, acima de tudo, temos o que nos difere dos demais seres: a capacidade de refletir, reconhecer, retomar e recomeçar; do início, do ponto que paramos, com as perdas e ganhos, com a humildade revestida de força e gana.
Enquanto o sol não chegar, enquanto não escancararmos nossas portar para irmos e virmos, enquanto não se faz o balanço dessa nova-velha era, dando-nos novas chances e possibilidades, podemos improvisar sorrisos, encontros, encorajamento aos que precisam enfrentar o mal. Podemos improvisar formas de ajudar, de nos ajudar, podemos buscar manter nossas saúdes (mental e corporal), fortalecidas, cheias de vigor, pois o mundo não para.
A vida segue, e somos nós que escolhemos o tempero para nossos dias. Se nada levamos dessa vida; e, tudo que acontece é para nos ensinar a sermos melhores, podemos deixar lições, legados, para servirem de base para uma nova ERA.
Vamos viver-sobreviver. Só nos basta ser humanos.
Flávia Arruda – Pedagoga e escritora