Imagem de arquivo mostra o ex-porta-aviões NAe São Paulo (A-12) — Foto: Marinha do Brasil/Divulgação

Proibido de atracar no Brasil e no exterior, o porta-aviões desativado São Paulo passou meses vagando pelo litoral de Pernambuco até a Marinha decidir afundá-lo em águas profundas. Segundo a empresa turca Sök, que havia adquirido a embarcação num leilão em 2021, durante esse período em que foi rebocado sem destino certo, o navio aposentado percorreu uma “distância suficiente para alcançar qualquer lugar do mundo”.

A embarcação deixou o Rio de Janeiro em 4 de agosto de 2022 com destino à Turquia, onde seria desmanchada. Quando chegava no Estreito de Gibraltar – entre o Oceano Atlântico e o Mar Mediterrâneo – o país cancelou a autorização para que ela atracasse, por considerar risco ambiental.

O casco do antigo porta-aviões tem amianto, substância considerada tóxica. Dessa forma, o navio desativado foi trazido de volta ao Brasil e tentou entrar no Porto de Suape, em Pernambuco, mas o governo do estado vetou o recebimento do antigo porta-aviões.

Entre 5 de outubro do ano passado e 20 de janeiro deste ano, quando a Marinha assumiu o controle do navio aposentado, a embarcação ficou vagando no litoral do Nordeste brasileiro.

De acordo com as duas companhias, ao longo de 105 dias, o navio vagou pouco mais de 23 mil quilômetros.

O cálculo considera que o porta-aviões desativado foi rebocado com destino incerto por 24 horas todos os dias a uma velocidade de 5 milhas náuticas por hora. Cada milha náutica corresponde a 1.852 quilômetros.

A distância percorrida é maior do que a que o navio levaria para ir e voltar do Porto de Suape para o estaleiro Sok Denizcilikve Tic, na Turquia, onde seria desmanchado. A distância entre os dois pontos é de aproximadamente 8,9 mil quilômetros.

Segundo a Marinha, há cinco países na Europa onde o “desmanche verde” do navio poderia ser feito: Itália, Noruega, Dinamarca, Reino Unido e Turquia. O mais distante do Porto de Suape é localizado na Dinamarca, também a cerca 9 mil quilômetros de distância.

A transportadora do porta-aviões, que já havia se queixado do prejuízo causado pela disputa jurídica em torno da embarcação, anunciou no dia 11 de janeiro deste ano que abandonaria o casco do navio no mar, caso a Marinha não se dispusesse a assumi-lo.

Na quarta-feira (1º), o Ministério da Defesa e a Marinha anunciaram que a Advocacia-Geral da União (AGU) vai tomar medidas judiciais e extrajudiciais para “reparar e salvaguardar os interesses do Estado Brasileiro”. Essas medidas não foram detalhadas.

Em resposta, a Sök e a MSK, empresa que rebocou o porta-aviões entre a Europa e o Brasil, argumentam que as autoridades brasileiras foram “inertes” e “jogaram dinheiro público por água abaixo”.

De acordo com a Marinha, o afundamento é inevitável. Especialistas dizem que explosivos devem ser usados para fazer buracos no casco do porta-aviões. Procurada, a força naval não detalhou a operação.

Alegando risco ao meio ambiente, o Ministério Público Federal (MPF) está recorrendo contra a decisão da primeira instância da Justiça Federal que permitiu à Marinha afundar o porta-aviões. O pedido deve ser analisado pelo Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF5).

Fonte: G1

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *