O petróleo se tornou o produto mais exportado pelo Rio Grande do Norte no primeiro trimestre de 2022, com envio de aproximadamente US$ 102,36 milhões para outros países. O item foi responsável por praticamente metade (48%) das vendas potiguares para o mercado externo.
Como resultado das operações, o estado atingiu um recorde nas exportações, durante o primeiro trimestre de 2022, comercializando um total de US$ 214 milhões com outras nações – o maior valor da série histórica iniciada em 2011.
O número representou um crescimento de 191% na comparação com o mesmo período do ano passado.
No acumulado de 2021, os combustíveis já tinham aparecido como principal produto exportado pelo estado, porém com uma participação menor, com aproximadamente 36% do total. Até 2020, as frutas frescas, como o melão, eram o principal produto da pauta externa potiguar.
O aumento do envio do petróleo produzido no Rio Grande do Norte para o exterior se explica pelo custo de refino local, segundo afirma Otomar Cardoso Júnior, subcoordenador de Apoio ao Comércio e Serviços na Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Rio Grande do Norte.
“É muito mais em função de oportunidades de contratos com importadores. Com alguns tipos de petróleo mais grosso, às vezes o custo do refino não compensa. Então vale à pena fazer um contrato comercial para fazer a exportação desse óleo bruto. Mas é um volume variável. Aparece um mês, não aparece em outro, diferente de outros produtos como frutas e pescados, que têm uma periodicidade previsível”, explica.
Apesar de afirmar que as vendas do óleo bruto para o mercado externo não são perenes, o técnico da secretaria reconheceu que essas exportações estão se tornando cada vez mais comuns na pauta do mercado externo potiguar.
Ao longo de 2019, o Rio Grande do Norte registrou operações de exportação de petróleo em apenas 2 meses. Em 2020, foram 4 meses de registro. Em 2021, 6 meses. E no primeiro trimestre de 2022, houve exportação em todos os meses.
“A série desde 2021 permite imaginar uma continuidade. Se isto acontecer, e neste ritmo, o petróleo se consolidará como maior item de exportação do RN”, afirmou Otomar.
Outra explicação seria o aumento do preço do óleo bruto no mercado internacional, que tornaria a exportação mais atrativa para os produtores locais.
“O preço do petróleo mais elevado no mercado internacional pode ter favorecido as exportações, visto que o custo do frete, por exemplo, pode ter deixado de ser um ‘dificultador’. Com preço do frete igual ou sem muita alteração, por exemplo, o valor do produto traz mais rentabilidade”, justificou.
Em alguns meses o valor é mais elevado que em outros. Em 2021 julho teve o menor valor de venda: US$ 9,9 milhões. Já outubro contou com exportações de US$ 55,7 milhões.
As exportações do petróleo potiguar são basicamente para Singapura. Em 2021, no entanto, também houve envio de aproximadamente US$ 28,2 milhões também para a Holanda.
Ao visitar o Rio Grande do Norte em março para participar de uma audiência pública na Assembleia Legislativa, o secretário executivo do Associação Brasileira dos Produtores Independentes de Petróleo e Gás (ABPIP), Anabal Santos Júnior, falou sobre a tendência de exportação do petróleo produzido no país.
“O Brasil importa combustível não é por falta de petróleo. É que o petróleo que é produzido aqui não não se adequa ao padrão de refinaria para que possa colher os derivados que precisa. Então na verdade o Brasil exporta petróleo e importa o combustível”, afirmou.
A associação dos produtores independentes representa empresas produtoras como as que compraram e estão assumindo a exploração de campos de petróleo da Petrobras no Rio Grande do Norte ao longo dos últimos anos.
Apesar de a maioria delas atuar na venda do óleo bruto, a 3R Petroleum afirmou em março que pretende dar continuidade às operações da Refinaria Clara Camarão, que faz parte do Polo Potiguar, vendido pela Petrobras a ela. A mudança de gestão deve ocorrer até o primeiro trimestre de 2023.
Fonte: G1RN