Grandes tanques de água separados uns dos outros, monitoramento de vários fatores como salinidade e temperatura da água e produção contínua. As fazendas de camarão, como a de Pendências, no Rio Grande do Norte, onde um peixe de 200 kg foi encontrado nesta terça-feira (5), estão espalhadas em diferentes estados do país, mas são concentradas principalmente no Nordeste.
Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba são os principais produtores do setor da carcinicultura.
Segundo o presidente da Associação Brasileira de Criadores de Camarão (ABCC), o engenheiro de pesca Itamar Rocha, cerca de 180 mil toneladas do crustáceo foram produzidas em 2023 e vendidas totalmente para o mercado interno brasileiro – um crescimento de 200% em relação a 2016. O setor gera aproximadamente 125 mil empregos no país, segundo a associação.
Dados do IBGE apontam que em 2022, isolados, Ceará e Rio Grande do Norte movimentaram mais dinheiro, no setor, do que a soma de todos os outros estados brasileiros juntos. Segundo o instituto, a carcinicultura movimentou R$ 2,2 bilhões naquele ano. Somente o Ceará ficou com R$ 1,07 bilhão e o Rio Grande do Norte com R$ 635,1 milhões.
O que pouca gente sabe é que o camarão mais produzido no Brasil e na maioria dos outros países exportadores do alimento é oriundo do Oceano Pacífico, conhecido como camarão-branco do Pacífico.
“Nós testamos já todas as espécies do Brasil e não deram muito certo nos cultivos. Também trouxemos uma espécie do Japão, que não se adaptou à chuva”, explicou o presidente da ABCC, que foi pioneiro na produção de camarão no Rio Grande do Norte.
De acordo com ele, a espécie usada é resistente às mudanças climáticas locais e pode ser produzida ao longo de todo o ano.
A industrialização também depende do interesse do mercado para onde o produto é vendido. Há camarão inteiro, camarão sem casca, sem vísceras, sem cabeça. Segundo Itamar, no processo de industrialização e congelamento, iniciado nas últimas décadas, o produto ganhou maior valor e prazo de validade nas prateleiras dos supermercados.
Entre os produtores, há aqueles que criam camarão com água do mar, como é o caso da fazenda onde o peixe de 200 kg foi encontrado, e fazendas que utilizam água com salitre, retirada do subsolo imprópria para consumo humano, mas com salinidade ideal para o camarão.
Ainda de acordo com o presidente da associação, os canais de captação de água do mar onde peixe foi encontrado, na fazenda de Pendências, não tem contato direto com os viveiros de engorda dos camarões, portanto não haveria risco de o peixe entrar nos tanques. Ainda de acordo com ele é comum encontrar muitos peixes e variedade biológica nesses canais de captação de água, o que atrai inclusive pescadores.
“Esse é um setor estratégico para os estados, porque pode ter pequenos empreendimentos e gera muitos empregos no local, reverte o êxodo rural. É o que se pode ver muito no Ceará e na Paraíba, atualmente”, afirmou.
Fonte: G1RN
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