Segundo investigadores da Operação Custo Brasil, deflagrada hoje, o ex-ministro Paulo Bernardo recebeu mais de R$ 7 milhões de propina ente 2010 e 2015, período em que ocupou as pastas do Planejamento e das Comunicações, Ele foi preso após ordem da 6ª Vara Criminal Federal de São Paulo, que ordenou a detenção de 11 pessoas preventivamente. Segundo o procurador Andrey Borges de Mendonça, o ex-ministro começou recebendo quase 10% do faturamento de uma empresa que realizou um negócio com o ministério. Quando Bernardo ingressou no Ministério das Comunicações, no governo Dilma, ele continuou a obter subornos, mas em índices menores, de 4% a até 2%, de acordo com o procurador. “A corrupção infelizmente não é privilegio da Petrobras”, disse Mendonça, que integra a Operação Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal, em entrevista coletiva na Superintendência da Polícia Federal em São Paulo, na manhã de hoje. “Está espraiada como um câncer. O Ministério do Planejamento, o coração do governo, estava atingido por esse mal.”
Segundo o delegado regional de Combate ao Crime Organizado da PF em São Paulo, Rodrigo de Campos Costa, o esquema era baseado na escolha fraudulenta da Consist Software para administrar o sistema de créditos consignados de servidores públicos. Os empréstimos contraídos eram pagos com desconto em folha por servidores. Cada funcionário não sabia, mas pagava pouco mais de R$ 1 pela taxa de administração da Consist. No entanto, 70% desse valor era desviado para empresas e operadores até chegar a Bernardo, ao Partido dos Trabalhadores e a outros beneficiários. “Dezenas de milhares de funcionários públicos foram lesados”, afirmou o superintende-ajunto da Receita Federal em São Paulo Fábio Ejchel.
Foi realizado um roteiro onde se explicitou o caminho do dinheiro, obedecendo a seguinte sequencia: 1. Servidor “paga”* prestação do crédito consignado em folha 2. Desse valor pago, cerca de R$ 1 vai para a Consist, que administra o sistema de créditos 3. A Consist fica com apenas 30 centavos e repassa os demais 70 centavos para empresas do esquema 4. Várias empresas participam: 4.1. Uma delas é a empresas o escritório de advocacia da campanha da mulher de Bernardo, a senadora Gleisi Hoffman. Ele fica com um percentual inicial de quase 10% e faz pagamentos a Bernardo 4.2. Outra é o ex-vereador de Alexandre Romano, que fica com 20% a 25%. Ele repassa a maior parte do que recebe para o Partido dos Trabalhadores, por meio dos ex-tesoureiros Paulo Ferreira e João Vaccari.