Eugenio Bezerra Cavalcanti Filho

Tive o privilégio, nesta minha atual estada em Natal, de assistir belíssimo e muito bem elaborado show, produzido e executado por competentes profissionais potiguares, com a finalidade precípua de homenagear uma conterrânea de sucesso – a nossa “Rainha do Choro”, Ademilde Fonseca. Aconteceu na sexta-feira, dia 18 de dezembro de 2015, no novo Cine Teatro de Parnamirim. De início devo registrar a grata surpresa em constatar que o município vizinho a Natal dispõe agora de uma casa bem projetada e edificada, com instalações modernas e de primeira ordem, o que a capacita a apresentar quaisquer tipos de eventos, sejam de espetáculos artísticos (de música popular ou erudita), peças teatrais, exibições cinematográficas, como também conferências, simpósios, seminários e que tais.

 O complexo multicultural, inaugurado em 25 de setembro de 2014, foi construído através de parceria entre a Prefeitura Municipal de Parnamirim e o Ministério da Cultura. Se destina a ser palco de grandes espetáculos, além de se constituir importante usina de criação, formação e difusão artística. Localizado no Parque Aluízio Alves, ao lado do Planetário e do Centro Administrativo do município, entra para a restrita galeria dos maiores e mais bem equipados teatros públicos do estado, como o Teatro Alberto Maranhão em Natal, e o Dix-Huit Rosado em Mossoró. Com capacidade para 600 lugares, e dispondo de quatro auditórios, espaço para galeria e salas para oficinas, o Cine Teatro possui caixa cênica com 22m de altura, e área duas vezes maior que a do Teatro Alberto Maranhão. Sua estrutura, distribuída em 4.400m2, dispõe no andar térreo de hall de entrada, salas da administração, balé, ensaio, camarins, palco, praça de alimentação, espaço café, seis mini auditórios, sala multiuso, administração, sala para piano de calda, e quatro camarins. No primeiro andar estão: sala de exposições com 184m2, mirante, recepção, mezanino, sala de reuniões, tesouraria, e salas para ensaio de dança e de coral. Nos seus espaços serão também ministrados cursos de formação nas mais diversas artes culturais.

 Quanto ao espetáculo, de homenagem à grande cantora, superou as mais otimistas expectativas, sendo intensamente ovacionadas todas as músicas do programa, executadas por artistas locais, merecendo destaque a cantora Laryssa Costa, que teve o encargo de, com sua bela voz e perfeita movimentação cênica, interpretar a maior parte das peças que ficaram famosas com as gravações da saudosa Ademilde Fonseca. Destaque especial também é registrado às apresentações, no final do espetáculo, da excepcional cantora Eymar Fonseca, filha da homenageada. Participaram, também, as cantoras Dodora Cardoso e Nara Costa, além dos competentes instrumentistas do conjunto Choro Real e da Família Pádua, e ainda Joca Costa e Diogo Guanabara. Tudo registrado pela câmera do expert fotógrafo Eduardo Alexandre Garcia, o famoso Dunga. E, aproveitando a ocasião solene, foi também lançado o livro biográfico “Ademilde Fonseca, a Rainha do Chorinho”, escrito por seu sobrinho e genro Airton da Fonseca Barreto (esposo da Eymar Fonseca). Do programa distribuído transcrevo o excerto que se segue.

 “Conhecida como “Rainha do Choro”, Ademilde Fonseca nasceu no povoado de Pirituba, no município de São Gonçalo do Amarante/RN, e foi pioneira por conseguir transformar o modo como o choro era visto e ouvido, dando voz ao gênero, antes exclusividade dos instrumentistas, e tornando-se, portanto, a maior intérprete do choro cantado e, consequentemente, uma das maiores cantoras da música popular brasileira. Com um timbre bastante singular, dicção impecável, articuladas em uma afinação e divisão perfeitas, Ademilde Fonseca tomou para si o choro como identidade, e logo sua característica mais marcante. Entre seus maiores sucessos estão as interpretações para “Tico-tico no Fubá”, “Brasileirinho”, “Teco-teco”, além de outros clássicos do gênero. Acompanhada do regional de Benedito Lacerda, gravou inúmeros discos, integrou o quadro de cantoras do rádio e fez shows fora do país, interpretando com graça esse gênero brejeiro, jocoso, e peculiarmente difícil de ser cantado.”

Eugenio Bezerra Cavalcanti Filho – Empresário e Escritor 

As opiniões contidas nos artigos são de responsabilidade dos colaboradores
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