“Nós estamos mais perto do lockdown (bloqueio total) do que da flexibilização”, afirmou nessa quarta-feira (6) o secretário adjunto de Saúde do Rio Grande do Norte, Petrônio Spinelli ao relatar uma situação “dramática” em relação à contaminação do novo coronavírus no estado. De acordo com ele, os gestores estão enfrentando dificuldades para colocar leitos de UTI em funcionamento, enquanto a demanda pelos serviços aumenta.
O bloqueio total, conhecido como lockdown foi instituído nesta semana em cidades do Maranhão e do Pará, e já é estudado em outras áreas do país, como Recife e Rio de Janeiro. Nele, a população só pode sair de casa para realização de atividades essenciais, como ir ao supermercado ou a uma consulta médica.
“Estamos abrindo os leitos, mas rapidamente eles estão sendo ocupados”, declarou o secretário. De acordo com dados do boletim epidemiológico desta quarta (6), o estado tem 227 pessoas internadas, com suspeita ou confirmação para a Covid-19. 68 estão em UTI e 56 em leitos semi-intensivo. O crescimento é de mais de 130% em relação a duas semanas atrás.
Para as autoridades de saúde do estado, o aumento do número de casos é causado principalmente pela redução do isolamento social e das aglomerações em filas de bancos, registradas nos últimos dias. Para o secretário, há uma “falsa impressão” da população de que há cidades e regiões sem a doença e de que o uso de máscaras é suficiente para prevenção, o que permite que as pessoas saiam de casa. A taxa de isolamento da população, segundo ele, estaria em 40%, muito abaixo do ideal de 60%.
“Taboleiro Grande não tinha nenhum caso confirmado e agora já tem um óbito. Volto a reafirmar que não existe uma cidade do Rio Grande do Norte onde o vírus não esteja circulando. Não tem um bairro de Natal onde não esteja circulando”, afirmou Petrônio, ressaltando que as quatro mortes registradas entre a terça (5) e esta quarta (6) aconteceram em cidades relativamente pequenas. Além de Taboleiro Grande: Ipanguaçu, Serra Negra e Areia Branca.
No caso de Ipanguaçu, a secretaria municipal informou que a cidade não tem leito de UTI e a paciente não foi internada em Mossoró (onde há unidades de saúde de alta complexidade mais próximo) por falta de leito, segundo informação recebida pelo setor de regulação. Em nota, a Prefeitura de Mossoró, que é responsável pela regulação no município, afirmou que no dia 1º de maio, quando foi solicitado o leito, todos estavam ocupados. O G1 aguarda posicionamento especificamente sobre esse caso, da Sesap.
Abertura de leitos
O secretário afirmou que o estado previa a abertura de mais leitos nesta semana, mas ainda não recebeu os 30 respiradores comprados pelo Consórcio Nordeste. Segundo ele, nenhum respirador, seja da rede pública, privada ou de unidades filantrópicas, pode estar sem condições de uso.
“O momento é grave. É muito dificil montar leito de UTI. Não é questão de boa vontade, de capacidade de gestão do estado ou município, mas realidade do mercado. Nós já deveríamos ter recebido 30 leitos comprados pelo estado, pelo Consócio Nordeste. Infelizmente não chegaram ainda e só vão chegar próxima semana. Isso é grave, porque nos obriga a não ter nenhum respirador já disponível sem estar em capacidade de uso”, declarou.
“No (Hospital) Giselda, dos 25 leitos, 24 estão ocupados. No Tarcísio Maia, dos 17 leitos, 15 ocupados. No Hospital de Natal, há 11 pacientes entubados”, disse.
Com 4 óbitos e 108 casos registrados nas últimas 24 horas, o estado chegou a 1.644 casos confirmados e 72 mortes nesta quarta-feira (6).
Fonte: G1RN