ESTOU UMA PILHA… – Flávia Arruda
Óbvio que a qualquer momento eu passaria por isso, mesmo que não tenha sido a primeira vez, já tinha um tempo que não me acontecia tamanho prejuízo. Bem empregado para mim que procrastinei (um dos meus hobbies) o final de semana todo, embromei o quanto pude e, com isso, fui deixando para última hora a construção das crônicas desta semana.
Uma pane na rede elétrica, uma tarde inteira perdida, computador totalmente apagado, sem a menor chance de salvar os pensamentos que se formavam nesse tempo intermediário, entre o fim do protelar e a explosão do transformador de energia. Nada mais restou, crônicas evaporadas, perdidas e ponto.
Arrumei meu birô, peguei minha bolsa e chaves, fechei a sala e voltei para casa, desolada e muito chateada. A procrastinação do fim de semana, na verdade, era a construção do material intelectual para desenvolver um tema que já me acompanhava há algum tempo: escrever sobre minhas impressões acerca de alguns filmes assistidos nas últimas semanas.
O que me restou foi desassossego, bloqueio e falta de vontade de resgatar as ideias que se dissiparam em segundos, após a explosão. Confesso que, mesmo timidamente, carrego comigo a esperança de que amanhã, após o conserto do dito transformador, eu consiga ligar o computador e encontrar meus rascunhos salvos automaticamente.
Enquanto isso, na “sala de justiça” e “enquanto seu lobo não vem”, vamos passear na floresta, ops… vamos passear noite adentro, pois tenho uma noite inteira pela frente, uma garrafa de café para ser engolida e paciência para buscar relâmpagos de ideias, para compor as novas crônicas, afinal, um cronista tem que ter sempre um plano b, c, d e bote força nas estratégias. Pensamentos soltos e um monte de remendos é o que não faltam.
Bom, como diz a expressão popular: são os ossos do ofício, faz parte. Só não podemos esquecer dos compromissos assumidos, que nos fazem emborcar uma garrafa inteira de café, mergulhar na madrugada e explorar a play list do Spotify, então, “simbora” para cima dos desafios, vencer as badaladas do relógio e a folha em branco.
Falta de aviso do meu filho do meio não foi. Nem dou conta do tanto que ele me orientou para que eu sempre elaborasse meus escritos diretamente no drive do e-mail, salvando automaticamente e, o melhor de tudo, deixando disponível no meu e-mail, dando-me a possibilidade de acessar em diversos computadores e celulares, quando bem entendesse. Vivendo e aprendo. Este texto nasce como o primeiro de muitos escritos diretamente nas nuvens.
Flávia Arruda – Pedagoga e escritora, autora do livro As esquinas da minha existência, flaviarruda71@gmail.com
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