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Estudo sobre fóssil ‘roubado’ do Brasil é retirado do ar por revista científica; editor diz apoiar devolução do crânio

Reconstrução do crânio do Irritator challengeri feita com peças impressas por uma impressora 3D — Foto: Reprodução/Twitter/Olof Moleman

O estudo científico sobre o fóssil Irritator challengeri, contrabandeado do Brasil na década de 1990, foi retirado do ar nessa quarta-feira (17).

Matus Hyzny, diretor executivo da revista científica “Palaeontologia Electronica”, anunciou a derrubada do estudo após ter sido informado pelo g1 sobre a polêmica envolvendo o status do fóssil. Na terça-feira (16), reportagem do g1 mostrou as críticas da comunidade científica internacional sobre o contrabando e a falta de clareza sobre esse ponto no estudo.

“Em primeiro lugar, gostaríamos de deixar claro que nossa revista apoia plenamente a ideia da repatriação dos fósseis brasileiros”, afirmou Matus Hyzny ao g1.

De acordo com declarações feitas em seus perfis no Twitter, dois pesquisadores envolvidos no estudo (Serjoscha Evens e Olof Moleman) também apoiam a repatriação do fóssil.

No começo da semana, o chefe da pesquisa, o paleontólogo alemão Marco Schade, disse ao g1 que, uma vez que Brasil e Alemanha são democracias constitucionais com conexões diplomáticas entre si, é preciso um contato entre os governos de ambos os países para avaliar a devolução do material.

“Propomos que as autoridades brasileiras responsáveis ​​entrem em contato com as respectivas instituições na Alemanha para investigar e determinar o status legal do espécime SMNS 58022 e debater sobre uma possível repatriação”, afirmou Schade.

Além disso, Hyzny ressaltou que os autores do estudo estão em contato com Paul Stewens, paleontologista e advogado envolvido no caso do fóssil do Ubirajara jubatus, cujo contrabando veio à tona em 2020.

Stewens sugeriu por meio de suas redes sociais que seja lançada uma iniciativa de repatriação do caso e, caso isso ocorrer, a revista considera apoiar.

“Se tal iniciativa nascer, a Palaeontologia Electronica pensa em aderir. Por enquanto, o estudo sobre Irritator publicado em nossa revista foi retirado do ar e não está acessível no momento. Atualmente, estamos conversando com as partes envolvidas. Podemos fornecer mais informações assim que a situação for resolvida”, finalizou o diretor executivo.

Da Bacia do Araripe à ‘Palaeontologia Electronica’

O Irritator provavelmente foi encontrado na Bacia do Araripe, localizada entre os estados do Ceará, Pernambuco e Piauí, que contém fósseis de animais e plantas que viveram há 110 milhões de anos. Não há indicação precisa do ponto de onde ele foi extraído pelos contrabandistas e o museu alemão não realizou pesquisas sobre o tema.

Nas redes sociais, a comunidade paleontóloga brasileira demonstrou indignação com o fato de o novo estudo trazer apenas algumas referências genéricas sobre os conflitos envolvidos na origem da peça. As críticas envolvem não só os pesquisadores alemães e franceses, mas também a revista científica, que aceitou a publicação de um artigo com uma declaração de ética que é considerada “bastante frágil”.

No texto, os autores “reconhecem o estado possivelmente problemático” do fóssil, mas tentam argumentar que a compra foi feita antes das restrições de exportação do regulamento brasileiro de 1990, um argumento que especialistas dizem ser falso.

Questionado pelo g1 sobre a questão, o pesquisador Marcos Schade afirmou ser “incapaz de avaliar com firmeza” as críticas feitas.

O estudo sobre o Irritator

Detalhes sobre o dinossauro que viveu no Nordeste do Brasil foram revelados por cientistas alemães e franceses, que analisaram um fóssil que está no acervo do museu de Museu Estadual de História Natural de Stuttgart na Alemanha.

Uma tomografia do crânio do Irritator Challengeri permitiu que a equipe internacional afirmasse que o animal era um caçador mais rápido e mais versátil do que se imaginava anteriormente. No entanto, quando ele foi recebido pelo museu, foi descoberto que os contrabandistas reconstruíram partes faltantes do crânio para dar a impressão de que a peça estava mais íntegra, o que aumentaria o valor a ser pago por ela.

Ao g1, o principal autor da pesquisa Marcos Schade contou que um focinho alongado e uma crista acima dos olhos foram identificados como modelagem artificial quando o museu recebeu a peça.

Colonialismo na ciência

Allysson Pinheiro, diretor do Museu de Paleontologia Plácido Cidade Nuvens, da Universidade Regional do Cariri (URCA), disse que existem várias tratativas em curso para reaver diversos fósseis brasileiros que estão espalhados em museus pelo mundo. No entanto, o processo é lento, burocrático e exige intervenção do Itamaraty.

Para o paleontólogo Juan Cisneros, o Brasil tem que lutar pela repatriação e devolução do fóssil ao Ceará, para fortalecer os centros locais e a ciência nacional.

Fonte: G1

Ponto de Vista

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